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Pessoas mudam de opinião sobre temas polêmicos e não percebem, mostra estudo

Questionário inverte intencionalmente respostas e pede que entrevistados justifiquem suas escolhas. Quase 70% formularam explicações para afirmações das quais, inicialmente, disseram discordar

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h27 - Publicado em 21 set 2012, 18h23

Em quanto tempo uma pessoa consegue mudar de opinião sobre um tema polêmico? No mais novo estudo de campo do núcleo de Choice Blindness (escolha cega, em tradução livre) da universidade sueca de Lund, quase 70% dos 160 entrevistados mudaram sua avaliação, em questão de minutos, sobre questões tão sensíveis como o acesso do governo a dados privados dos cidadãos na internet e a oferta de abrigos para imigrantes ilegais. E eles nem sequer se deram conta disso.

Para chegar ao resultado, os pesquisadores de Lund utilizaram um truque que poderia ser facilmente reproduzido com a ajuda de qualquer kit de mágica. As questões estavam divididas em duas folhas. Em cada uma delas, o entrevistado era solicitado a colar um papel com uma determinada opinião a respeito de um tema. Só que a segunda folha continha afirmativas exatamente inversas às da primeira. Quando passava de uma folha para outra, o entrevistado colava sem perceber argumentos opostos (assista ao vídeo abaixo).

Saiba mais

CHOICE BLINDNESS

Desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Lund, na Suécia, o Choice Blindness é um método da psicologia que utiliza truques de mágica para tentar identificar alguns limites do processo de tomada de decisão das pessoas. Foram realizados experimentos, por exemplo, que mostraram que os participantes não conseguiram reconhecer escolhas realizadas instantes antes. Segundo Larls Hall, um dos cientistas envolvidos, a técnica visa criar um paradigma experimental para testar a natureza e os limites do comportamento.

Se o experimento parasse por aí, não seria mais do que um método eficaz para enganar alguém desatento. Só que numa segunda etapa, o entrevistado relia as sentenças (duas delas agora invertidas) e justificava suas escolhas. Para não restar margem de dúvida, quem aplicava a enquete enunciava em voz alta cada um dos posicionamentos assumidos.

Segundo os pesquisadores de Lund, não faltou quem concordasse com a frase “se causa dano a inocentes, o emprego de uma determinada ação não pode ser justificável moralmente”, mas defendesse, minutos depois, exatamente o oposto. Dos participantes, 69% não se deram conta de pelo menos uma das alterações. O resultado mostra “um dramático potencial para a flexibilização de atitudes morais”, de acordo com os pesquisadores.

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Membro do Departamento de Filosofia de Lund, Lars Hall, cientista da cognição, foi quem coordenou o experimento. Ele se antecipa a críticas e afirma que o objetivo não era enganar as pessoas ou mesmo escancarar falhas em suas opiniões. “O resultado demonstra quão flexíveis nossas opiniões podem ser.” Também responsável pelo núcleo de Choice Blindess, Petter Johansson vai na mesma direção. “O teste mostra que temos menos acesso às razões que nos levam a escolher algo do que imaginamos.”

Às cegas – A metodologia desenvolvida pelos suecos já foi utilizada em outros experimentos. Em 2005, Petter Johansson propôs a diferentes pessoas abordados aleatoriamente que indicassem, entre dois retratos 3×4 de mulheres, qual acreditavam ser a mais atraente. Na hora de justificar verbalmente a escolha, Johansson colocava as duas fotos sobre a mesa, ambas com o verso para cima, e fingia passar a selecionada ao entrevistado – quando na verdade estava entregando a imagem da mulher que não havia sido escolhida. Apenas 30% dos participantes perceberam que não tinham recebido o retrato que diziam preferir.

Abaixo, vídeo (com legendas em inglês) mostra como foi feito o experimento:

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