Alpes podem perder 75% das geleiras até 2100
Dois estudos abordam um aspecto pouco conhecido do aquecimento global: seus efeitos a longuíssimo prazo e o impacto sobre as montanhas
O aquecimento global porá provocar o desaparecimento de três quartos das geleiras dos Alpes até 2100 e uma elevação de quatro metros no nível do mar, até o ano 3000. As informações são de duas pesquisas divulgadas na revista científica Nature Geoscience e levam em conta dois dos aspectos menos conhecidos das mudanças climáticas: seu efeito nas geleiras de montanha e seu impacto a longuíssimo prazo.
O primeiro estudo mostra que as geleiras de montanha perderão entre 15% e 27% de seu volume até 2100. Certas regiões serão mais afetadas que outras, dependendo da altura de suas geleiras, da composição do terreno e da localização, mais ou menos sensível ao aquecimento climático. A Nova Zelândia, por exemplo, poderia perder entre 65% e 79% de suas geleiras, e os Alpes suíços, 75% (entre 60% e 90%). Por outro lado, as geleiras da Groenlândia diminuiriam 8%, e as montanhas asiáticas, 10%.
Inundações – Este degelo deve provocar um aumento médio de 12 centímetros no nível do mar até o fim do século. Estes números correspondem amplamente às estimativas que o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU publicou em seu último relatório, em 2007.
No entanto, o estudo não leva em conta as calotas polares da Antártida e da Groenlândia, que guardam 99% da água doce do planeta. Se uma destas calotas derreter significativamente, o nível dos oceanos aumentará vários metros, inundando um grande número de cidades costeiras.
Longo prazo – Este panorama catastrófico é o assunto de um segundo estudo publicado na revista Nature Geoscience, que investiga a inércia dos gases de efeito estufa. Mesmo se fossem suspensas todas as emissões de gases de efeito estufa até 2100, o aquecimento global continuaria durante vários séculos, uma vez que os gases emitidos permanecem durante muito tempo na atmosfera. Nestas circunstâncias, o aquecimento do mar poderia desencadear um “grande desmoronamento” da parte ocidental da calota antártica até o ano 3000, elevando o nível do mar em quatro metros.
(Com Agência France-Presse)