Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Cientistas revelam que animais têm noção de ritmo musical

Descoberta pode ajudar cientistas a entender melhor como o sentido musical humano evoluiu ao longo do tempo

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h14 - Publicado em 18 fev 2014, 12h07

Os seres humanos não são os únicos com noção de ritmo: os macacos bonobos e os leões-marinhos também são capazes de marcar compassos, constituindo exceções no mundo animal que podem ajudar a entender melhor como o nosso sentido musical evoluiu ao longo do tempo.

“O fato de escutar, ou de sentir, um ritmo musical implica a participação de muitas áreas do cérebro, e essa capacidade complexa parece ser única no homem e em algumas outras espécies”, explicou Aniruddh Patel, professor de psicologia, da Universidade Tuft, em Boston, durante a conferência anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS, na sigla em inglês), realizada em Chicago durante o último fim de semana.

Patricia Gray, professora da Universidade da Carolina do Norte, relatou ter sido surpreendida por um bonobo há algo mais de uma década. Ela conta que estava batendo no vidro de um zoológico quando o macaco que estava do outro lado respondeu no ritmo. Intrigada, ela bateu mais rápido, e o bonobo a acompanhou.

“Pensei, então, que tínhamos de estudar mais de perto essas questões”, prosseguiu a cientista, que continuou desde então trabalhando com os bonobos, animais com os quais os humanos compartilham 98,7% do DNA. “Os bonobos são extremamente sensíveis aos sons”, afirmou, explicando ter ensinado esses animais a marcar o compasso em uma bateria.

Leia também:

Baleia aprendeu a imitar voz humana espontaneamente

“Minha missão é gravar o maior número de sons naturais antes que desapareçam”

Outros animais – Desde que a descoberta foi feita, outras duas espécies de animais muito diferentes também revelaram uma surpreendente capacidade de sincronizar seus movimentos com o ritmo da música. Em 2009, Patel recebeu um vídeo de uma cacatua chamada Snowball (bola de neve, em inglês) dançando” Everybody”, dos Backstreetboys. Ele entrou em contato com o dono do animal e pediu para realizar testes com ele, a fim de descobrir se o pássaro estava realmente marcando o ritmo ou se estava apenas imitando um humano fora da gravação. Porém, quando o cientista aumentava ou diminuía a velocidade da música, a cacatua conseguia acompanhar. Segundo ele, essa flexibilidade é essencial para determinar se os animais podem seguir melodias como os humanos.

O segundo caso foi um leão-marinho, cuja música favorita é “Boogie Wonderland”, do grupo de funk Earth Wind and Fire. “Todos os cientistas, inclusive eu, ficamos intrigados com a capacidade das cacatuas de dançar no ritmo, e me dei conta de que ninguém tinha tentado ver se outro animal tinha a mesma faculdade”, explicou o pesquisador Peter Cook, da Universidade da Califórnia, que descobriu o leão-marinho chamado Ronan.

Continua após a publicidade

O pesquisador ensinou o leão-marinho a balançar a cabeça no ritmo dos sons musicais, e o animal também mostrou que conseguia sincronizar seus movimentos no ritmo de outros trechos de músicas que não tinha escutado antes. Para Cook, esse exemplo sugere que as capacidades musicais humanas poderiam ter origens compartilhadas com os animais. “Os cientistas pensaram, durante muito tempo, que os animais eram desprovidos dessas capacidades, mas os estudos feitos nestes últimos anos com novos métodos e espécies abrem novas perspectivas”, avaliou Peter Cook.

Para Edward Large, professor de psicologia da Universidade de Connecticut, a chave do sentido musical está na forma como os circuitos cerebrais se coordenam, ao sincronizar os ritmos e como os ritmos próprios do cérebro se harmonizam com os da música. “A capacidade de sincronizar os ritmos parece ser mais um mecanismo de evolução, utilizado de forma diferente, de acordo com as espécies e as circunstâncias”, avaliou.

Teorias – Enquanto Charles Darwin propôs que o senso de ritmo é comum a todos os animais, Patel acredita que seja uma consequência da capacidade que alguns possuem de imitar sons. Em entrevista ao site National Geographic, Patel afirmou que o próximo animal que gostaria de ver testado para essa habilidade é o cavalo. Segundo ele, diferentemente dos outros animais vistos até agora com essa habilidade, o cavalo não apresenta flexibilidade vocal, nem parentes próximos com essa habilidade. “Se as pessoas me disserem que os cavalos entram no ritmo da música espontaneamente, isso refutaria a minha hipótese”, disse o pesquisador.

(Com Agência France-Presse)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.