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Cientistas querem agricultores e ambientalistas trabalhando juntos

Objetivo é promover produção de comida mais sustentável e impedir que expansão das lavouras acabe com ecossistemas

Por Marco Túlio Pires, do Rio de Janeiro
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h34 - Publicado em 12 jun 2012, 17h59

Agricultores e ambientalistas devem – ou deveriam – trabalhar juntos para impedir que a expansão das plantações “engula” ecossistemas e prejudique o equilíbrio entre a produção de comida e o desenvolvimento sustentável do planeta. A proposta, bem mais equilibrada que os extremos de parte a parte, como na discussão sobre o Código Florestal, foi lançada nesta terça-feira no Fórum de Ciência, Inovação e Tecnologia para o Desenvolvimento Sustentável. O encontro reúne 990 cientistas de 75 países para produzir um documento com sugestões aos chefes de estado que participarão da reunião de cúpula da Rio+20 entre os dias 20 e 22 de janeiro. O painel também discutiu como o aquecimento global pode afetar a segurança alimentar e a distribuição de comida no globo.

De acordo com Tim Benton, ecologista da Universidade de Leeds, no Reino Unido, 25% dos gases que aceleram o efeito estufa são provenientes da agricultura. Ao todo, o planeta possui uma área plantada de 4,9 bilhões de hectares. Por isso melhorar as práticas agrícolas pode ter um impacto significativo no clima do planeta. “O problema é que não conseguimos medir a sustentabilidade na agricultura”, diz Benton. “As lavouras causam impacto que muitas vezes não são percebidos localmente, como a poluição de rios por meio de agrotóxicos, que podem contaminar peixes e causar doenças em seres humanos e outros animais.”

Lado a lado – Benton acredita que uma forma de transformar a agricultura em uma prática mais sustentável é colocar ambientalistas e agricultores trabalhando lado a lado. “Além de produzir comida, temos que ampliar os ‘serviços de ecossistema'”. O pesquisador se refere a práticas de tratamento de água, polinização e manutenção dos inimigos naturais das plantas, dentro e ao redor da lavoura. “São ações que gerenciam a fertilidade do solo, a reciclagem de lixo antes e depois da colheita e ao mesmo tempo cuidam do equilíbrio natural do ambiente”, diz.

Para Benton, isso pode significar dividir a área cultivada em duas. Uma para o plantio e outra para concentrar os serviços de ecossistema, com estações de tratamento de água, colônias de polinização e a manutenção dos inimigos naturais das plantas. Benton comparou a prática com a linha de produção de uma fábrica de carros. “Enquanto uma parte cuida da produção de comida, a outra mantém o equilíbrio do ambiente”, diz. “Pode ser a saída viável em muitos casos”, acredita.

Lavoura resistente – As mudanças climáticas também podem afetar o preço das commodities alimentares, como arroz e soja. Ram Badan Singh, da Academia Indiana de Ciências Agrícolas, afirma que a commodity mais afetada será o trigo. “O preço pode aumentar mais de 90% até 2050 por causa do aquecimento global”, diz. Isso porque o alimento pode ficar escasso ou encontrar dificuldades para crescer nas regiões apropriadas. Por isso, a ciência precisará desenvolver plantas mais preparadas para um clima mais agressivo. “Precisamos de sementes mais resistentes à falta de água, à salinidade, ao calor e que gerem plantas mais resistentes a pestes”, diz.

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O pesquisador afirma que ainda há muito potencial para aumentar a produção de alimentos. Melhorando técnicas agrícolas, por exemplo, seria possível produzir 6.000 quilos de trigo por hectare, o dobro do que é produzido hoje. No caso do arroz, o impacto seria ainda maior. “Se aproveitássemos todo o potencial de produção, seria possível produzir 8.000 quilos de arroz por hectare”, diz. Atualmente, apenas 2.000 quilos são produzidos na mesma área.

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