Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Cientista australiano sugere que dinossauro produzia leite

Assim como acontece com algumas espécies de aves, feras do Mesozoico também podiam secretar substância similar ao colostro, diz Paul Else

Por Paola Bello
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h22 - Publicado em 22 fev 2013, 20h30

A teoria de que os dinossauros são animais mais próximos das aves – e não dos répteis – acaba de ganhar um importante argumento. De acordo com estudo publicado no The Journal of Experimental Biology, algumas espécies de dinossauros poderiam produzir um tipo de leite. Lançada pelo professor e fisiologista Paul Else, da Universidade de Wollongong, na Austrália, a tese se baseia na fisiologia das aves. Assim, Else acredita que algumas espécies de dinossauros, como os hadrossauros, secretavam uma susbtância similar ao colostro, que ficaria armazenado no papo.

Leia também:

Todos os dinossauros carnívoros tinham penas, diz estudo

Pombo ()

“Uma das preocupações da fisiologia comparada é que temos muita informação sobre a estrutura dos dinossauros, mas pouca sobre sua fisiologia”, afirma o pesquisador em entrevista ao site de VEJA. “Pesquisadores recentes começaram a pensar neles como mais próximos de aves que de répteis. Eu sabia que alguns pássaros têm a capacidade de alimentar seus filhotes com um produto parecido com o leite. Fiquei surpreso que ninguém tenha sugerido que os dinossauros também poderiam ter desenvolvido esta estratégia”, conta.

Algumas aves, como pombos, pinguins e flamingos, produzem uma substância parecida com o leite, mas que varia entre líquida e sólida. Essa substância é produzida em uma estrutura localizada entre o esôfago e o estômago. “Essas estruturas, que podem ser o papo, parte do esôfago, o esôfago propriamente ou a parte superior do estômago, dependendo do animal, estão sempre produzindo secreções que umedecem os alimentos e ajudam a engoli-los. Em um ambiente hormonal apropriado, essas estruturas começam a produzir um muco similar ao leite”, diz Else.

Supercrescimento – Para o pesquisador, a maior vantagem dessa forma de alimentação seria a possibilidade de oferecer, de forma concentrada, nutrientes necessários ao crescimento e desenvolvimento dos filhotes. “Pombos produzem leite com o qual alimentam seus filhotes durante as três ou quatro primeiras semanas de vida. Eles adicionam a este leite um hormônio de crescimento epitelial que permite que seus filhotes cresçam a taxas fenomenais. Os pombos atingem 85% do tamanho que terão quando adultos em três semanas após o nascimento”, diz Else.

Continua após a publicidade

A ideia é reforçada pelo fato de que os dinossauros nasciam pequenos se comparados ao tamanho que atingiam quando adultos. Com este hormônio adicionado ao leite, eles poderiam, portanto, evitar predadores e juntar rebanhos mais rapidamente.

Saiba mais

HADROSSAURO

Dinossauros do grupo Onithician que habitaram as Américas, a Euroásia e a Antártica no fim do período Cretáceo (há 145 a 65 milhões de anos). Eram herbívoros que colocavam de uma a duas dúzias de ovos por período. Atingiam tamanhos e pesos variados, de acordo com as espécies. Os filhotes da espécie Maiassaura, a menor entre os Hadrossauros, pesavam de 300 a 500 gramas, chegando a 2,5 toneladas quando adultos. Os maiores, da espécie Hypacrosauro, pesavam de três a quatro quilos quando filhotes, e atingiam cerca de 4,4 toneladas na idade adulta.

Fontes: Pesquisador Paul Else e livro The Princeton field guide to dinosaurs

Shake aditivado – De acordo com o pesquisador, o leite de dinossauro deveria ser parecido com o colostro, produzido por mamíferos logo após o nascimento do filhote. “Teria muito dos ingredientes básicos do leite de mamíferos, mas com metade das gorduras, metade da água e um pouco de carboidratos”, explica.

Continua após a publicidade

A quantidade de carboidratos poderia variar de acordo com a consistência do leite produzido. “Poderia ser fluido, como de mamíferos; semi-sólido, parecido com queijo cottage, como o produzido por pinguins imperadores; ou com consistência mais sólida, como o produzido por pombos”, diz. A consistência também dependeria do “aditivo” que o leite ganharia, como hormônio do crescimento, antioxidantes e antibióticos.

Dieta adulta – Como acontece com mamíferos e com aves, o período de lactação dos dinossauros poderia variar entre as espécies, assim como seria possível que algumas sequer utilizassem este recurso. Tudo poderia variar de acordo com o tamanho do dinossauro e o tempo de permanência no ninho. “Imagino que a maioria das espécies procuraria introduzir rapidamente seus filhotes à dieta normal de um adulto. Assim, a produção de leite não seria um sugador de energia dos pais”, diz o pesquisador. Para ele, o período de produção mais intensa de leite levaria de um a dois meses, seguido de um período onde os pais dinossauros misturariam ao leite alguns alimentos regurgitados para, finalmente, partir para a etapa de alimentação, somente com alimentos regurgitados. Assim, o pequeno dinossauro estaria pronto para uma dieta adulta.

Os dinossauros estão realmente extintos?

Embora o Tiranossauro, o Triceratops e todas as outras feras do período Mesozoico (de 251 a 65,5 milhões de anos atrás) estejam extintas, um grupo de dinossauros continua bem vivo atualmente. Os pássaros evoluíram a partir de um grupo de pequenos dinossauros terópodes cerca de 150 milhões de anos atrás. Tecnicamente falando, pássaros são dinossauros. As aves evoluíram e se diversificaram durante o Mesozoico. No final do período Cretáceo (final do Mesozoico, entre 145 e 65,5 milhões de anos), quando todos os outros dinossauros (conhecidos como não-avianos) morreram, alguns pássaros sobreviveram à extinção e se tornaram os mais bem-sucedidos vertebrados voadores.

Fonte: Royal Ontario Museum

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.