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Centro-Oeste americano se torna pólo de energia limpa

Com ajuda pública, a indústria de energia solar cresce rapidamente na região

Por The New York Times
Atualizado em 6 Maio 2016, 17h11 - Publicado em 4 dez 2010, 15h52

Com rapidez surpreendente e a ajuda de um grande incentivo público, um centro de fabricação de energia solar está se erguendo no centro-oeste americano – e deve ajudar a abastecer a grande demanda mundial por energia limpa.

Em Circleville, na região central de Ohio, a DuPont está construindo uma fábrica de 162 mil metros quadrados de materiais para energia solar. Com um investimento de 175 milhões de dólares, a empresa empregará 70 pessoas.

A cerca de 500 quilômetros ao norte, em Midland, Michigan, a Hemlock Semicondutores está finalizando a construção de uma fábrica de silicone policristalino de um bilhão de dólares para fornecer matéria prima para a produção de células solares fotovoltaicas, que convertem luz solar em eletricidade. A fábrica da Hemlock irá gerar 300 novos empregos até o final do ano.

Na região entre as duas fábricas existem mais seis novas instalações de energia solar em Michigan e outras três em Ohio.

Uma série de fatores permitiu o crescimento do setor na região Centro-Oeste. A região ao norte do centro-oeste possui uma história de produção e manufatura avançadas. Peças de maquinaria e materiais básicos de painéis fotovoltaicos já eram produzidos na região.

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Os dois estados têm muitas fábricas desativadas que podem rapidamente ser convertidas para novos usos e são próximas às rodovias, linhas de trem e de outros meios de transporte que abastecem a região central do país.

De grande importância para os Estados Unidos, os dois estados possuem um batalhão de desempregados e funcionários hábeis e subutilizados.

A nova fábrica da DuPont, em parte abrigada em instalações que foram desativadas em 2009, espera funcionar no próximo ano.

“Francamente, um desafio ainda maior que tivemos foi investir rápido o suficiente para suprir a demanda do mercado”, conta John Odom, diretor da DuPont Photovoltaic.

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Este ano serão gerados 38 mil megawatts de energia solar no mundo, 14 mil a mais que no ano passado, de acordo com empresas de pesquisa de mercado. O crescimento da capacidade de geração dessa indústria equivale a 14 fábricas de queima de carvão, das grandes. Fazendo um comparativo, em 1997 a demanda mundial por equipamentos fotovoltaicos totalizou apenas 125 megawatts. As vendas de células e painéis fotovoltaicos atingirá 24 bilhões de dólares, de acordo com a Associação Européia da Indústria Fotovoltaica.

Boa parte desse mercado recebe incentivos nos Estados Unidos, Europa e Ásia para construir e instalar equipamentos fotovoltaicos. A DuPont recebeu 50,1 milhões de dólares em incentivos fiscais do American Recovery and Reinvestment Act de 2009 (um pacote de estímulo à recuperação da economia americana). A empresa recebeu ainda 7 milhões de dólares de assistência do estado.

O estado de Michigan alavancou o pacote de estímulos federais em 2009 e ofereceu uma série de incentivos à manufatura, créditos em tributos e outros auxílios financeiros. Isso gerou 4,1 bilhões de dólares em investimentos públicos e privados na indústria solar nos últimos três anos, afirmou Gregory Main, presidente da Michigan Economic Development Corp., uma agência estadual.

No censo sobre emprego no país, divulgado no mês passado, a Solar Foundation afirmou que, com 6.300 funcionários, o estado de Michigan ficou na quarta posição entre os estados com mais empregos no setor, perdendo para Califórnia, Pensilvânia e Texas. O Departamento de Desenvolvimento de Ohio contabilizou 1.500 vagas em seu setor de manufatura solar.

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A cidade de Toledo, em Ohio, se tornou um grande centro de produção de filme fino – folhas solares flexíveis de células fotovoltaicas, que foram desenvolvidas na Universidade de Toledo. Essas folhas misturam camadas de semicondutores com a espessura de um fio de cabelo com materiais não siliconados para gerar energia.

A First Solar acaba de ampliar uma área de 500 mil metros quadrados para abrigar uma fábrica de filme fino em Perrysburg, um subúrbio de Toledo. O investimento foi de 141 milhões de dólares. A empresa recebeu 16 milhões de dólares de crédito em tributos federais e criou 200 novos postos de trabalho, totalizando agora 1.100 funcionários na fábrica.

No início do próximo ano, a Willand & Kelsey Solar Group pretende abrir uma fábrica de 250 milhões de dólares e 2.800 metros quadrados em Perrysburg, empregando 100 funcionários – quase 20 milhões de dólares foram de auxílio do estado.

Michael J. Cicak, diretor-presidente da empresa, disse que toda a produção da fábrica já está vendida e a empresa está à procura de uma segunda fábrica, a cerca de 80 quilômetros ao norte, em Tecumseh, Michigan.

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Também em Michigan, um centro de produção de energia solar está surgindo no Saginaw Vally, próximo à fábrica de silicone policristalino da Hemlock Semiconductores. O centro envolve a construção de diversas instalações numa área de 500 hectares e conta com o auxílio de 350 milhões de dólares de crédito em impostos de energia do estado, disse Main.

Próximo à Midland, a Dow Solar, unidade que pertence à Dow Chemical, está levantando uma fábrica fotovoltaica de 249 milhões de dólares para a fabricação de telhas solares, capazes de gerar eletricidade e servir também como um telhado convencional. A fábrica, que será inaugurada em 2011, vem sendo construída com o auxílio de 17 milhões de dólares de crédito em impostos, além de 123 milhões em diversos programas de ajuda financeira do estado.

Mais fábricas serão construídas, disse Main. No ano passado, a Clairvoyant Energy fechou uma parceria com a Ford Motor Co. para implementar uma unidade de produção em uma fábrica de linha de montagem da Ford, desativada perto do Detroit.

Mas uma indústria que depende de incentivos governamentais também está vulnerável a mudanças políticas. Este semestre, por exemplo, o valor de incentivos públicos do estado de Ohio e uma legislação, aprovada há dois anos e apóia a produção de energia limpa, tornaram-se um problema na disputa apertada para o governo do estado. O então governador democrata, Ted Strickland, argumentou que as garantias do estado, empréstimos e incentivos fiscais nos últimos três anos ajudaram a estimular cerca de 750 milhões em investimentos na área de produção de energia solar em Ohio e centenas de novos empregos.

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Mas o governador eleito, o republicano John Kasich, disse que a lei de energia limpa do estado de Ohio – que requer que as empresas produzam 25% de eletricidade de fontes solares e outras “fontes limpas” até 2025 – irá aumentar os custos e se trata de uma intrusão do governo. “Não se pode ordenar a invenção,” disse Kasich.

Três semanas mais tarde, em Washington, o gabinete do U.S. Trade Representative anunciou que abrirá uma investigação sobre o apoio do governo chinês aos fabricantes de energia limpa que competem com equipamentos similares produzidos no centro-oeste americano. Representantes chineses responderam que a investigação deve criar uma batalha de mercado que os Estados Unidos podem perder.

Especialistas da indústria solar dizem que um confronto com a China pode abater seriamente a DuPont. A nova fábrica da empresa irá produzir o Tedlar, uma espécie de filme plástico bastante durável utilizado para proteger os painéis fotovoltaicos da umidade e radiação ultravioleta.

Boa parte do Tedlar produzido em Ohio será vendido para fabricantes na China, que chegam a produzir a metade dos painéis solares fotovoltaicos do mercado mundial, que cresce 30% ao ano.

Rob Nichols, porta voz do governador eleito Kasich, disse que o governador não se opõe ao padrão de energia renovável do estado e não irá revogá-lo.

“Sei que algumas pessoas disseram coisas negativas, mas acredito que vamos continuar a produção de energia alternativa,” disse Main, da agência de desenvolvimento de Michigan. “O histórico no aumento de empregos em nosso estado tem sido muito forte. Não consigo nos imaginar abandonando isso”.

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