Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Astrônomo descobre novo tipo de galáxia

Batizadas de "feijões verdes", novas galáxias são raríssimas e apresentam brilho e coloração incomuns

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h24 - Publicado em 5 dez 2012, 18h40

O astrônomo alemão Mischa Schirmer descobriu um novo tipo de galáxia, apelidada de “feijão verde” por ter um incomum brilho esverdeado. Trata-se de um objeto raríssimo, só existindo, em média, um em cada cubo de 1,3 bilhão de anos-luz de lado. Para se ter uma ideia do que isso significa, numa área deste tamanho costumam ser encontradas de 10 milhões a 100 milhões de galáxias. A descoberta foi divulgada em um artigo publicado nesta quarta-feira no periódico científico The Astrophysical Journal.

Com o auxílio do telescópio Canadá-França-Havaí, Schirmer estava à procura de aglomerados de galáxias em áreas extremamente distantes quando notou algo bastante peculiar: um objeto parecido com uma galáxia, mas de brilho e coloração incomuns. Após observações com o Very Large Telescope (VLT) do ESO, localizado no Chile, o astrônomo alemão confirmou que o ponto esverdeado, batizado de J2240, era na verdade uma nova classe de galáxia. A luz proveniente da J2240 demorou incríveis 3,7 bilhões de anos-luz para chegar até a Terra.

Reunindo dados sobre o novo objeto, Schirmer garimpou quase um bilhão de galáxias já conhecidas em busca de propriedades semelhantes. Ele encontrou outras 16 galáxias com as mesmas características, que em seguida foram confirmadas como autênticas “feijões verdes”. As regiões distantes em uma galáxia normalmente “não são nem muito grandes nem muito brilhantes, e por isso só conseguem ser observadas em galáxias próximas”, diz Schirmer. “No entanto, nessas galáxias recentemente descobertas (“feijões verdes”), as regiões são tão grandes e brilhantes que podem ser observadas com detalhes, apesar das enormes distâncias envolvidas.”

A grande maioria das galáxias de grande massa, como a Via Láctea, tem um buraco negro em seu centro, cuja atividade faz com que gases próximos brilhem. As recém-descobertas “feijão verdes”, por outro lado, apresentam um forte brilho que engloba quase toda a galáxia, e não apenas seu centro. Tal fenômeno seria compatível com a existência de um buraco negro em intenso funcionamento, que teria força suficiente para iluminar a galáxia completamente – no entanto, os buracos negros avistados nessas galáxias estavam pouco ativos. Se os buracos negros estavam ‘quietos’, como eles fazem uma galáxia inteira brilhar?

Continua após a publicidade

Ecos do passado – De acordo com Mischa Schirmer, nas galáxias “feijão verde” o brilho é resultado da ionização do oxigênio, formando uma espécie de marca que teria ficado impressa mesmo após a gradual perda de força do buraco negro. O brilho esverdeado nessas porções longínquas, dessa forma, seria um eco do passado, um resquício do período em que o buraco negro estava trabalhando a todo vapor. “Sabemos muito pouco sobre como os buracos negros se acalmam e diminuem a sua atividade. Não sabemos quanto tempo dura nem porque isso acontece”, afirma Schirmer, em entrevista ao site de VEJA.

http:https://www.youtube.com/embed/f4ns1VloK2s

Como o brilho “impresso” nas galáxias “feijão verde” varia de acordo com a proximidade com o centro (e consequentemente com o buraco negro), o astrônomo alemão percebeu que poderia estudar as etapas da aquietação de um buraco negro em vários intervalos, separados por poucas dezenas de milhares de anos. “Podemos tentar entender como os buracos negros em plena atividade, que eram muito comuns há 10 bilhões de anos no Universo, de certa forma desligam”, resume Schirmer. Assim sendo, futuras observações permitirão analisar uma importante fase transitória na vida de uma galáxia.

Continua após a publicidade

Perguntas & respostas

  • O que é um buraco negro? Uma região do espaço onde a gravidade é tão forte que nada consegue escapar, nem a luz – é por isso que eles são invisíveis.
  • Como nasce um buraco negro? Para brilhar, uma estrela cria uma força para fora, por causa das reações nucleares que a fazem funcionar, enquanto sua própria gravidade a empurra para dentro. Quando uma grande estrela deixa de funcionar, ela é esmagada pela própria força da gravidade e assim nasce o buraco negro.
  • Quantos buracos negros existem? A maioria dos astrônomos acredita que a Via Láctea – a galáxia onde está a Terra – possui milhões de buracos negros. Cientistas já encontraram muitos buracos negros na nossa galáxia, mas não sabemos ainda quantos existem em todo o universo.
  • Quais os tipos de buraco negro que existem? Os buracos negros galáticos existem por toda a galáxia e possuem uma massa dezenas de vezes maior que a do Sol. Há também os buracos negros supermassivos, com uma massa superior a 1 milhão de vezes a do Sol. Os cientistas acreditam que eles foram criados há bilhões de anos e existem no centro da maioria das galáxias, até da Via Láctea.
  • Existem buracos brancos? Existem apenas na teoria. Eles seriam a outra ponta do buraco negro, que expeliria todo o material absorvido.
  • Como se observa um buraco negro? É impossível visualizar um buraco negro, já que ele não emite luz. Mas, com telescópios de raios-X, é possível detectar a radiação emitida por um buraco negro. Isso acontece porque uma espiral de matéria é sugada por ele. Esse material se aquece e emite raios-X, captados por telescópios como o Chandra, que descobriu o buraco negro ‘bebê’.
  • Qual o buraco negro mais próximo da Terra? O objeto mais próximos e que mais se parece com um buraco negro está a 8.000 anos luz de distância. Fica dentro do sistema Cygnus X-1 e foi objeto de uma aposta entre o físico Stephen Hawking e Kip Thorne. Hawking apostou que não havia um buraco negro. Perdeu.
  • O universo está dentro de um buraco negro? O físico Nikodem Poplawski concebeu um modelo matemático segundo o qual até mesmo o nosso universo estaria dentro de outro, que estaria dentro de outro e assim por diante. Neste modelo, o material absorvido pelo buraco negro daria origem a estrelas e galáxias em outra dimensão. Atualmente, acredita-se que tudo que entra em um buraco negro é destruído.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.