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Ancestral humano andava ereto mas subia em árvores como macacos

Pesquisa publicada na revista 'Science' mostra que 'Australopithecus afarensis' estava bem adaptado morfologicamente para subir nos galhos e fugir de predadores ou buscar comida

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h25 - Publicado em 26 out 2012, 20h02

Há mais de três milhões de anos, os ancestrais dos humanos caminhavam eretos, mas ainda conseguiam subir em árvores como os macacos, indica um estudo publicado esta quinta-feira na revista científica americana Science.

Duas omoplatas extremamente bem preservadas de um hominídeo da mesma espécie da famosa Lucy, o primeiro ancestral bípede conhecido do Homo sapiens, mostram que essa espécie continuava também vivendo em árvores. As duas omoplatas fossilizadas, de uma menina Australopithecus afarensis, indicam pela primeira vez que esses hominídeos estavam bem adaptados morfologicamente para subir nos galhos. O esqueleto completo, batizado como Selam (3,3 milhões de anos), foi descoberto no ano 2000 na Etiópia. Trata-se do mais completo esqueleto da espécie já encontrado. Os pesquisadores demoraram 11 anos para conseguir remover as omoplatas.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Australopithecus afarensis Scapular Ontogeny, Function, and the Role of Climbing in Human Evolution

Onde foi divulgada: revista Science

Quem fez: David J. Green1 e Zeresenay Alemseged

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Instituição: Midwestern University e California Academy of Sciences

Resultado: Os dois pesquisadores conseguiram estudar em detalhes duas omoplatas de uma menina Australopithecus afarensis, encontrada em 2000 na Etiópia, e descobriram que a esses ancestrais caminhavam eretos, mas ainda subiam em árvores como os macacos.

“A questão de se o Australopithecus, cujo primeiro espécime, Lucy (3,5 milhões de anos), foi descoberto em 1974 na Etiópia, era estritamente bípede ou continuou evoluindo nas árvores, era objeto de debate há 30 anos”, explicou David Green, professor de paleobiologia da Universidade Midwestern em Illinois (Estados Unidos), um dos principais autores destes trabalhos. “Estas omoplatas fossilizadas proporcionam um indício sólido de que esses indivíduos continuavam subindo nas árvores nesse estágio da evolução humana”, diz Green. Ele acredita que os ancestrais subiam para fugir de predadores ou por comida.

Na comparação entre a omoplata da menina Australopithecus com membros adultos da mesma espécie, fica evidente, afirma o professor, que as características de desenvolvimento se parecem mais com as do macaco. Ao mesmo tempo, muitos traços dos ossos do quadril, dos membros inferiores e dos pés dos Australopithecus, que permitiam o bipedismo, se parecem sem equívoco com os da espécie humana. Green explicou que ainda não se sabe quando os ancestrais de humanos deixaram de subir em árvores.

De acordo com outro autor do estudo, Zeresenay Alemseged, da Academia de Ciências da Califórnia, a descoberta confirma o lugar chave ocupado por Lucy e a menina Selam na evolução humana. Isso porque o Australopithecus aforensis representa, na evolução, uma nova espécie de hominídeo, muito diferente da anterior, como o Ardipithecus ramidus, que não caminhava ereto ou não o fazia de forma permanente.

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Os dois cientistas compararam as omoplatas de Selam com outros fósseis de ancestrais humanos como o Homo ergaster, Homo floresiensis, A. africanus, e dois exemplares de A. afarensis. Eles também fizeram comparações com ossos modernos de chipanzés, gorilas, orangotangos e humanos.

Para Zerenesay Alemseged, o achado permite progredir na busca por determinar quando nossos ancestrais pararam de subir em árvores para se tornar estritamente bípedes. “Parece que isto ocorreu muito mais tarde do que pensava um grande número de pesquisadores.”

David Green explica que o Homo erectus, um ancestral do Homo sapiens que vivia há 1,9 milhão de anos, tinha uma morfologia que o fazia mais similar aos humanos e parece ser, até o momento, a primeira espécie estritamente bípede. “Mas infelizmente entre Lucy, que viveu há 3,5 milhões de anos, e o Homo erectus, temos um longo período desconhecido que tentamos compreender com fósseis”, conclui.

(Com Agence France-Presse)

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