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Uma noite de sofrimento com Morrissey

Show do cantor teve boas interpretações de músicas solo e de sua época como vocalista dos Smiths. Mas o calor...

Por Carol Nogueira
12 mar 2012, 10h35

Não haveria, ao menos em termos visuais, lugar melhor para receber o show do cantor Morrissey, que fez sucesso na década de 80 com a banda The Smiths, do que o Espaço das Américas. Não só porque, reformado com uma estética que lembra a “década perdida”, o local deve ter feito os fãs do cantor se sentirem em casa. Também porque essa atmosfera decadente do lugar, um centro de convenções utilizado para todo tipo de evento, de formaturas a festas de fim de ano de empresas, tem tudo a ver com o show de Moz, como o músico é conhecido pelos fãs. Com letras depressivas, trejeitos dramáticos e exagerados e camisas bufantes e coloridas abertas para mostrar o peitoral sarado, Morrissey tem tudo para ser tão brega quanto um cantor de churrascaria. Mas os fãs nem ligam. Moz é “hors-concours”, alguns diriam.

O repertório do músico, repetido com exatidão em todos os shows feitos em território brasileiro, é montado de forma a contemplar os fãs de todas as épocas do músico. Primeiro, boas canções solo da fase 2000 (First Of The Gang To Die, You Have Killed Me, Black Cloud e When Last I Spoke To Carol). Depois, uma transição para sucessos mais antigos, como Everyday Is Like Sunday, Speedway, You’re The One For Me, Fatty, todas do fim dos anos 80 ou começo dos 90.

A música Meat is Murder (carne é assassinato, em tradução livre) vem como um divisor de águas. Brincadeiras à parte, o músico passa longe de churrascarias, na verdade. Desde a época dos Smiths, é vegetariano convicto e faz questão de mostrar aos fãs o porquê. Durante essa faixa, são exibidas imagens de animais sofrendo em matadouros em uma clara tentativa de sensibilizar a audiência pela causa vegetariana, fora a proibição de alimentos com carne no cardápio da casa – Morrissey já chegou a abandonar o palco do festival americano de Coachella por sentir cheiro de carne cozinhando. Mas os seis minutos de música tiram o ritmo do que foi, em geral, uma boa apresentação. Afinal, Moz canta bem.

O momento baixo-astral é levado embora por uma enxurrada de músicas dos Smiths, que chegam também para abalar os fãs que ainda não foram convencidos, como I Know It’s Over, Please, Please, Please Let Me Get What I Want e How Soon Is Now?, passando pela unânime e catártica There Is A Light That Never Goes Out, cantada em coro pela plateia.

Estrutura (ou a falta dela) – Sofrimento maior do que o que é proporcionado pelas letras depressivas de Morrissey vem do calor, este cortesia da falta de ar-condicionado no local – algo inviável para um espaço completamente fechado com capacidade para 10.000 pessoas, e do desconforto causado pela péssima qualidade de som no Espaço das Américas, uma caixa quadrada de acústica deficiente. Em algumas músicas, era impossível distinguir o que ele estava cantando ou diferenciar os teclados das guitarras, por exemplo. Quem viu o show da pista normal, se deu mal. A porcentagem da pista destinada à área vip, mais cara, era enorme e, para ajudar, os telões não funcionavam. Vá lá. Os fãs de Morrissey sofrem mesmo, choram, berram pelo ídolo durante suas interpretações dramáticas e exageradas. Mas não precisava amplificar a sensação. Da próxima vez, já que o local deve abrigar mais alguns shows neste ano, é bom torcer por melhorias. Ou, pelo menos, pela instalação de um ar-condicionado.

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