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‘Tabu’, de Miguel Gomes, racha ao meio a crítica

Não tem meio termo: filme em preto e branco e cheio de referências do diretor português merece o Urso de Ouro ou é insuportavelmente pretensioso

Por Carlos Helí de Almeida, de Berlim
16 fev 2012, 15h43

Autor do título mais ambicioso, do ponto de vista formal, da competição da 62ª edição do Festival de Berlim, o português Miguel Gomes não vai ficar muito aborrecido se não levar o Urso de Ouro de melhor filme, que será revelado na noite deste sábado, dia 18. O diretor de Tabu, longa-metragem português realizado em coprodução com o Brasil e França, trouxe o seu de casa. “Foi feito pela minha filha, que me entregou antes de vir para o festival “, diz o diretor ao site da Veja.com, enquanto tira da carteira um pedaço de papel com o desenho de um animal que lembra, muito vagamente, os contornos de um urso, colorido de amarelo. “Ela diz que é de ouro”, ri.

Exbido na noite de terça-feira (14), Tabu dividiu a plateia de jornalistas ao meio: a metade a seu favor o coloca entre os favoritos a prêmios; a outra ficou incomodada com as pretensões artísticas e filosóficas. A começar pela citação explícita ao filme homônimo do diretor alemão Friedrich Murnau (1888-1931), realizado em 1931, e do qual também toma emprestado o título de seus dois capítulos “Paraíso” e “O Paraíso Perdido”. As citações cinematográficas prosseguem aqui e ali ao longo da narrativa, misturando frases e situações de Entre Dois Amores (1985), de Sidney Pollack, e Crocodilo Dundee (1986), com o passado colonial português na África.

O filme foi rodado em preto e branco e o segundo capítulo, rodado com película 16mm, não tem diálogos, como na era do cinema mudo. “Mais do que uma simples homenagem ao cinema, criei uma história que fala sobre a memória de coisas que se perderam no tempo”, avisa Gomes, de 39 anos, conhecido no Brasil pelo festivo e solar Aquele Querido Mês de Agosto (2008). “Desta vez, tentei algo radicalmente diferente de meu filme anterior. Tanto em relação à forma narrativa como também ao espírito da trama. Tabu é um filme nostálgico, pesaroso. Espero muito não desapontar aqueles que adoraram Aquele Querido Mês de Agosto“.

“Paraíso”, a primeira parte, é centrada é centrada em Aurora (Laura Soveral), octogenária solitária e um tanto senil, que vive sob os cuidados da empregada cabo-verdiana Santa (Isabel Cardoso) e da vizinha Pilar (Teresa Madruga). Às vésperas de sua morte, a senhora encarrega as duas outras mulheres de encontrar Ventura (Henrique Espírito Santo), um antigo amante. É este que narra os acontecimentos da segunda metade, O Paraíso Perdido, ambientado em uma ex-colônia africana, nos anos 60. Foi ali que a jovem Aurora (Ana Moreira), dona de uma fazenda de chá e ótima caçadora, conhece Gian Carlo Ventura (Carloto Cotta), amigo de seu marido (o brasileiro Ivo Müller), por quem se apaixona e vive um romance proibido.

“A história de amor entre Aurora e Ventura é melancólica, carregada de um sentimento de finitude. É com ela que traço um paralelo com outras coisas que se extinguiram, como a juventude dos personagens, a colonização, e até mesmo a películo como material básico do cinema”, resumiu o diretor.

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