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Record pede mudanças no Jabuti e libera participação de autores no prêmio

Escritores podem se inscrever individualmente na disputa, vencida este ano por Chico Buarque

Por Maria Carolina Maia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 12 nov 2010, 16h12

A decisão da Record de romper com o Jabuti, o mais prestigioso prêmio literário do país, pode provocar mudanças na disputa. Ao menos, é o que pretende o diretor do grupo editorial, Sergio Machado. Na carta enviada à Câmara Brasileira do Livro (CBL) em que comunica a decisão de não mais participar da premiação, Machado pede uma “correção” do regulamento, que hoje permite que um livro não vencedor em sua categoria se sagre campeão na disputa principal. Foi o que aconteceu com Leite Derramado, livro de Chico Buarque publicado pela Companhia das Letras. Segundo colocado na categoria Romance, atrás de Se Eu Fechar os Olhos Agora, livro do jornalista Edney Silvestre editado pela Record, ele ficou com o troféu principal do Jabuti, no último dia 4.

Para Machado, a vitória de Chico Buarque indicaria uma ingestão política da premiação. O afastamento da Record, no entanto, não atinge os seus autores, que estão avalizados pela editora a se inscrever individualmente no prêmio. Confira abaixo a íntegra da carta enviada pelo editor à CBL, nesta semana.

Rio de Janeiro, 9 de Novembro de 2010

Exma. Sra.

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Rosely Boschini

Presidente da Câmara Brasileira do Livro

Exmo. Sr.

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José Luis Goldfarb

Presidente da Comissão do Prêmio Jabuti

Prezados Senhores,

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O Grupo Editorial Record – composto pelas editoras Record, Bertrand, Civilização Brasileira, José Olympio, Best Seller e Verus – decidiu que não participará da próxima edição do Prêmio Jabuti para claramente manifestar sua discordância com os critérios de atribuição do Livro do Ano de ficção e não-ficção. Tais critérios não só permitem como têm sistematicamente conduzido à premiação de obras que não foram agraciadas em seleções prévias do próprio prêmio como as melhores em suas categorias.

Como editores preocupados com a Cultura e a ampliação da leitura no Brasil, nós entendemos que um prêmio literário visa a estimular a criação literária reconhecendo-a pelo critério exclusivo da qualidade. Não aceitamos – principalmente em um país como o nosso, onde quase sempre o mérito é posto em segundo plano – que o principal prêmio literário atribuído pelo setor editorial possa ser conferido a um livro que não esteja entre aqueles considerados os melhores em seus respectivos gêneros.

Infelizmente, a edição de 2010 do Jabuti não foi a primeira em que essa situação esdrúxula ocorreu. Em outra oportunidade, o mesmo agraciado deste ano preferiu não comparecer à entrega do prêmio, talvez por não se considerar merecedor da distinção. Grande constrangimento na cerimônia. Em 2008, a situação se repetiu, com o agravante de o então vencedor da categoria Melhor Romance do Jabuti ter conquistado também todos os outros prêmios literários conferidos no Brasil. O episódio causou tal estranheza e mal-estar que foi grande a repercussão na imprensa. Na época, passamos a acreditar que seriam feitos os necessários ajustes na premiação para que esses equívocos parassem de ocorrer.

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Vimos, porém, que os critérios equivocados continuaram em vigor em 2010, com a diferença somente de o autor agraciado desta vez aceitar a láurea. Tomamos então a decisão de não mais compactuar com a comédia de erros. As normas do Jabuti desvirtuam o objetivo de qualquer prêmio, pondo em desigualdade os escritores que não sejam personagens mediáticos. Para não mencionar fato ainda mais grave: quando é evidente que a premiação foi pautada por critérios políticos, sejam da grande política nacional, sejam da pequena política do setor livreiro-editorial.

Como a inscrição das obras concorrentes ao Jabuti é um ato voluntário de cada Editora participante, e feito de forma onerosa, optamos não mais participar da premiação, até que as medidas necessárias para a correção de seu rumo sejam adotadas.

Atenciosamente,

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Sergio Machado

Presidente

Grupo Editorial Record

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