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No SWU, brasileiro Emicida terá a sua maior prova

Um dos rappers nacionais mais talentosos fará seu 1º show-solo para um grande público - são esperados 70.000 por dia no festival. Para agradar, ele promete 'impacto' e sons de 'fácil assimilação', como Claudinho e Buchecha

Por Rodrigo Levino
11 nov 2011, 12h03

Aos 26 anos, Leandro Roque de Oliveira, o Emicida, é um dos mais talentosos expoentes de uma geração de rappers brasileiros que nos últimos anos tem alcançado um público crescente. Conhecido pelo talento para improvisar rimas, o paulistano compôs os seus primeiros raps em 2005. Três anos depois, lançou Triunfo, música cujo clipe já foi visto por mais de 2 milhões de pessoas no Youtube. Em 2009, estreou com sua primeira compilação, chamada Pra Quem Já Mordeu Cachorro por Comida, até que Eu Cheguei Longe, com 25 faixas gravadas desde o começo de sua carreira.

Desde então, lançou outros três trabalhos, donde se destaca o recente Doozicabraba e a Revolução Silenciosa. Este ano, indicado a três categorias do Vídeo Music Brasil, premiação da MTV – empresa do grupo Abril, que edita VEJA -, o rapper levou o troféu de Clipe do Ano, por Então Toma, e o de Artista do Ano. Um justo reconhecimento, também confirmado pela escalação para o SWU Music & Arts. Este não é, no entanto, o primeiro evento de grande porte de que ele participa. Em abril, Emicida tocou no Coachella, um dos maiores festivais de música dos Estados Unidos, e no Rock in Rio IV dividiu o palco com o sambista Martinho da Vila.

Recém-chegado de uma viagem a Nova York, onde fez shows e foi chamado de “o Jay-Z brasileiro”, em referência a um dos maiores rappers americanos, Emicida falou ao site de VEJA sobre o show do próximo sábado, em Paulínia, da convivência entre os públicos tradicional e recente de rap, e ainda de um projeto futuro que tem menos a ver com rimas do que com traços.

O SWU, assim como os outros festivais de que você participou este ano, tem um público de gosto pulverizado. Boa parte não é exatamente fã de rap. Como é lidar com esse tipo de plateia? O grande desafio é definir um repertório que seja impactante e ao mesmo tempo de fácil assimilação. Não posso subir ao palco e falar apenas para mim. A ideia é mesclar coisas de maior alcance, como já fizemos sampleando funk carioca e o som da dupla Claudinho e Buchecha. Nesse sentido, o SWU vai ser uma grande experiência, o meu primeiro show-solo para um público tão amplo. No Rock in Rio, eu dividi o palco com Martinho da Vila e o grupo Cidade Negra.

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O rap é um gênero alheio a modismos e à divulgação tradicional, que tem um público fiel e artistas que se renovam permanentemente. Nos últimos anos, artistas de rap como você, Criolo, Rashid, Projota e Rodrigo Ogi vêm ampliando o público do gênero. Como você enxerga esse movimento? O que me dá mais prazer em falar sobre isso é que todos esses artistas citados são independentes. Cada um de nós deve se concentrar na consistência de seu trabalho, sendo ou não abraçado pela mídia. O rap funciona independentemente da crítica e o nosso foco é a rua, que nos mantém há trinta anos. Mas, no geral, acho extremamente positiva essa exposição recente. Até pouco tempo, o gênero era visto como uma caricatura, um estereótipo de vinte anos atrás, mas essa fase foi ultrapassada. O rap americano contribuiu para essa expansão atual, e agora se abriu uma porta difícil de fechar.

Você percebe algum estranhamento entre a plateia que já acompanhava o rap e a que está chegando agora? Tem uma frase do Amado Batista, que é um cantor popular, muito interessante. Ele diz que quem combate o preconceito costuma ser o mais preconceituoso. Eu luto para me despir de todo preconceito. Sei que tenho vários, mas sou de combatê-los. Existe, sim, uma competição para medir quem gosta de rap há mais tempo, quem conhece os menos conhecidos e uma impressão errada de que o mainstream é mau e no underground só tem anjo. E isso é mentira. Todo público é bem-vindo.

Há uma carreira de desenhista que ficou à margem por causa do rap. Fale um pouco sobre isso. Na verdade, eu sou desenhista, estou é tentando ser rapper (risos). Já há um roteiro pronto para ser desenvolvido, o que me falta é tempo. Tem tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo que não tive como me dedicar a isso ainda. Mas é um projeto para logo mais, pois voltei a estudar isso, a ler, a escrever roteiros de quadrinhos. Porque na realidade é de onde eu vim. Eu comecei a escrever letras de rap por causa dos textos de quadrinhos. Seria uma volta ao começo de tudo. Espero conseguir dar seguimento a isso logo que gravar o próximo disco.

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Na época do Rock in Rio houve quem criticasse a sua participação em um vídeo institucional que combatia o uso de drogas no evento. Como você responde a essa crítica? Em geral, reclamaram que eu não poderia estar naquele vídeo porque alguns artistas que participaram eram hipócritas no que diz respeito ao uso de drogas. Mas eu não uso drogas. Estava falando por mim e falaria em qualquer outra situação. Estava falando para os moleques do meu bairro que começam a fumar crack cedo, pensando nas famílias desgraçadas pelo vício, pela cocaína. Diante disso tudo, eu não posso bancar o descolado, “Ah, cada um faz o que quer” e não assumir uma responsabilidade. Se eu usasse drogas, não participaria. Como não uso, faria tudo novamente.

Aconteceu o mesmo quando você gravou o comercial de um banco este ano… É ridícula essa impressão de que você é superior a alguém por apontar algo que na sua cabeça é errado. Se me chamam para fazer uma propaganda e eu acho interessante a proposta, simplesmente vou lá e faço. Trabalhei em um estúdio de publicidade por dois anos, só que, como não aparecia, não me expunha às críticas. “Ah, ele não pode fazer isso”, as pessoas reclamam. Mas há 15 anos, quando eu dividia um barraco com outras cinco pessoas, não tinha trabalho nem certeza se comeria ao longo do dia, ninguém me cobrava ideologia.

Assista ao clipe da canção Triunfo

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