Músicos demitidos da OSB querem formar nova orquestra
A crise teve início em janeiro, quando os instrumentistas se recusaram a passar por avaliação de desempenho idealizada pelo maestro Roberto Minczuck
Em apresentação neste final de semana, os 36 músicos demitidos da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) manifestaram desejo de formar uma nova orquestra. Eles ainda não sabem, no entanto, com quantos instrumentistas poderiam contar nem qual nome usariam.
“A gente quer o mais rapidamente possível se livrar do rótulo de ‘demitido’. Há 70 anos, a OSB nasceu do sonho de um grupo de músicos, e nada impede que isso volte a acontecer. O que fizemos sábado pode ser o embrião de uma nova orquestra”, disse o violinista Luzer Machtyngier.
Ele se referia ao concerto-protesto realizado na Escola Nacional de Música, da UFRJ, por 71 músicos – 35 de outras orquestras, que se solidarizaram com a situação dos colegas, dispensados pela OSB por se recusarem a se submeter a uma avaliação de desempenho que consideraram humilhante. Há 70 anos, na mesma sala de concertos, foram feitas as audições para os primeiros integrantes da OSB.
A apresentação, antecedida de discursos emocionados e entremeada por momentos de ovação (o público presente, de mais de 600 pessoas, driblou a falta de ar condicionado e até de assentos), foi filmada pela equipe de Silvio Tendler, que fará um documentário sobre a crise na orquestra.
Demissão – O desentendimento entre o maestro Roberto Minczuk e os músicos da OSB teve início em janeiro deste ano. Em solidariedade aos colegas demitidos, o pianista Nelson Freire anunciou o cancelamento de sua participação nos concertos agendados com a orquestra. Antes dele, a pianista Cristina Ortiz, a bailarina Ana Botafogo e o maestro Roberto Tibiriçá fizeram o mesmo.
A crise na OSB teve uma reviravolta: uma semana depois de iniciar o processo de demissão dos músicos, o presidente da Fundação OSB, Eleazar de Carvalho Filho, recuou e enviou a cada um uma carta chamando-os a “salvar uma grande instituição”.
O apelo de Carvalho Filho não só foi ignorado, como os instrumentistas realizaram uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) em que reiteraram denúncias de supostos desmandos da Fundação (OSB) e do regente Roberto Minczuk.
(Com Agência Estado)