Muito mais sexo do que alma e música no show de Ricky Martin
Referências fetichistas, coreografias que simulavam o ato sexual e cenas que remetiam à orgia esquentaram o show da turnê ‘Música + Alma + Sexo’ na noite de sexta em São Paulo
O clipe que abre o show da turnê Música + Alma + Sexo já dá a dica do que está por vir. As imagens projetadas no palco mostram Ricky Martin se desvencilhando de correntes presas ao seu corpo. Numa explosão de luzes e som, ele finalmente se liberta das amarras e surge diante do público. A apresentação, de fato, mostra Ricky Martin mais solto do que nunca. Repleta de referências fetichistas, roupas de couro justas no figurino e dorsos malhados nus deixam a certeza de que a performance no palco é uma alusão direta à recente saída do armário do cantor porto-riquenho. Durante o show realizado no palco do Credicard Hall na noite de sexta, Ricky Martin soltou a franga de vez.
Logo após abrir o show com a música Too Late, Ricky Martin apareceu sem camisa ao lado de dois guitarristas igualmente musculosos e seminus. O fato de ter se assumido publicamente como homossexual parece não ter incomodado a plateia feminina, que aumentava o tom dos gritos agudos a cada movimento dos quadris do ídolo. As mulheres eram a maioria do público na pista do Credicard Hall, que dividiram espaço com casais e grupo de amigos gays.
Ricky Martin esperou a plateia se recuperar, após a performance junto com os músicos semi-nus, e a cumprimentou em português. “Vou deixar a minha alma aqui no palco para vocês”. Ele realmente cumpriu a promessa.
Em pouco mais de uma hora e meia de show, Ricky Martin explicitou sua opção sexual – através de um vídeo que condenava o bullying praticado contra homossexuais -, mostrou o amor pela terra-natal e reverenciou suas raízes com uma sequência de canções típicas caribenhas. Além de ter rebolado bastante, claro.
Porto Rico, aliás, esteve presente no show não apenas através de suas músicas típicas tocadas por competentes instrumentistas nativos acompanhados do gingado de Ricky Martin. Num momento propaganda do Ministério do Turismo caribenho, o cantor sugeriu ao público: “Se estiver planejando suas férias, não deixe de conhecer o país onde nasci.” No telão, fotos de turistas submergidos no mar verde transparente se misturavam à bandeira de Porto Rico. Só faltou lembrar a plateia de ligar já ao agente de turismo mais próximo para, de fato, caracterizar a intervenção como uma pausa para os comerciais.
O resto do show esquentou mais do que Porto Rico no verão. Entre canções conhecidas de seu repertório, como Vuelve, Livin’ La Vida Loca, Maria, entre outras, Ricky Martin e seu corpo de baile encenaram coreografias eróticas. Numa delas, três mulheres em lingeries fustigaram o cantor com chicotes. Em outra, Ricky tira o cinto e abaixa o zíper da calça antes de dançar de forma insinuante entre um homem e uma mulher. O ápice, porém, foi a cena que remeteu a uma orgia. Nesse momento, a iluminação do palco foi reduzida à meia-luz. O colo de Ricky Martin foi disputado por homens e mulheres, assim como suas mãos deslizaram à vontade sobre corpos dos bailarinos estirados num sofá no melhor estilo boudoir.
Ricky Martin mostrou que seu físico sarado é de uma serventia que vai além de inspirar gritos apaixonados de fãs de ambos os sexos. Durante os noventa minutos que esteve no palco, o cantor mostrou grande disposição física e técnica apurada de coreografia e expressão corporal, assim como seu corpo de baile, em sintonia imediata com o show man.
O show da turnê Música + Alma + Sexo é apresentado neste sábado no Citibank Hall no Rio de Janeiro, e no Gigantinho de Porto Alegre na próxima terça.