Discurso em fórum de TV paga vira desabafo de empresário argentino
Carlos Moltini, CEO da Cablevisión, fez depoimento emocionado sobre o cerceamento imposto pela Lei de Mídia em seu país
O objetivo do segundo painel do congresso da Associação Brasileira de TV por Assinatura, realizado nesta terça-feira, em São Paulo, era discutir a evolução do setor, mas o empresário argentino Carlos Moltini, CEO da Cablevisión (operadora de internet e TV paga pertencente ao grupo Clarín), transformou sua participação em um desabafo emocionado sobre a implementação da Lei de Mídia em seu país.
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Ele declarou que a criação da Lei de Mídia foi uma ação direta do governo argentino para destruir o grupo Clarín. Após mostrar slides sobre a evolução da Cablevisión, ele finalizou a apresentação em tom emocionado e disse esperar que, no futuro, não tenha sido em vão sua luta pelo direito de livre expressão. “Só quero criar um mundo melhor para os nossos filhos.”
O grupo Clarín é claro opositor ao governo de Cristina Kirchner e foi afetado pela determinação da Justiça que delimita o número de licenças de rádio e televisão a que cada empresa tem direito.
Em seguida, Moltini, ao ser perguntado sobre a regulamentação da qualidade dos serviços de mídia oferecidos por empresas na Argentina, deu mais um exemplo da forte interferência do governo de Kirchner no setor. “O ministro da Infraestrutura foi a público dizer que o serviço de banda larga oferecido pela Cablevisión havia sido suspenso e os clientes teriam que procurar outras operadoras. Nossa surpresa é que houve uma forte reação do público que se voltou contra o governo e a favor da empresa.”
Alberto Pecegueiro, diretor geral da Globosat, se mostrou solidário ao empresário e arrancou aplausos da plateia ao se solidarizar com o colega portenho.