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Dez razões pelas quais ‘A Guerra dos Tronos’ é (muito) melhor do que ‘O Senhor dos Anéis’

Por Nana Queiroz
9 Maio 2011, 09h24

Até o lançamento de A Guerra dos Tronos, primeiro volume da série As Crônicas de Gelo e Fogo, muitos poderiam apostar que jamais a fantasia seria tão boa quanto em O Senhor dos Anéis. Mas George R.R. Martin começou a escrever e então… bom, quem ainda não comprovou pode fazê-lo. Há vida – e muita – para além de Frodo e seu anel. Aquele que vencer as tortuosas 60 primeiras páginas de A Guerra dos Tronos terá percorrido um caminho sem volta. Depois disso, o livro obriga o leitor a programar-se para ler, encontrar tempo na agenda ou perder algumas horas de sono, se for preciso. Tudo para avançar um capítulo, outro, e aos poucos descobrir o que se dará com Eddard Stark e sua honra sem medida, com o anão Tyrion Lannister e seu cérebro afiado e com a pequena e destemida Arya. Quase 600 páginas depois – não é pouco – só haverá um veredito: Martin superou J. R. R. Tolkien. Confira os 10 principais argumentos que comprovam a superioridade de As Crônicas sobre O Senhor dos Anéis.

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1. Os personagens transam, escarram, defecam e ficam de ressaca

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Ante de tudo, Crônicas de Gelo e Fogo é uma fábula para adultos. Martin não dá espaço para elfas recatadas como Arwen. No primeiro volume, Guerra dos Tronos, fica estabelecido que todo mundo vai ao banheiro, transa, escarra e fica de ressaca – até as ladies. Enquanto Tolkien parece viver um platonismo cego, Martin leva o realismo às últimas consequências. As páginas transbordam de descrições vívidas de sexo e violência. Nas batalhas, há estupros e infanticídios. Nos castelos, prostitutas luxuriosas e banquetes cheios de gula. “Já era tempo de a fantasia crescer e se tornar adulta”, declarou o autor em entrevista a VEJA. “Sempre soube que um personagem sem dimensão sexual não é completo. O mesmo se dá em relação à violência. As guerras não têm nada de limpo: são feitas de sangue e vísceras expostas. Que credibilidade eu teria se não mostrasse o que ocorre quando a lâmina da espada atinge um pescoço?”.

2. A linha entre bem e mal é muito mais tênue – se é que existe

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O antagonismo vilão-mocinho em Crônicas muda diversas vezes em cada livro, ao contrário de O Senhor dos Anéis que, no máximo, permite a Boromir e Faramir um momento de fraqueza cada. As Crônicas provocam uma confusão deliciosa: é possível vibrar para que os dois lados de uma batalha vençam, ou amar a filha do rei deposto e o homem que o depôs na mesma página. Em Tolkien, Frodo nunca se sentaria para dividir um pedaço de lemba e uma caneca de cerveja com orcs. Mas em Crônicas, Jon Snow e Tyrion Lannister, de clãs inimigos, compartilham traumas e conversas regadas a vinho. Enquanto o digno e honrado Aragorn, de Tolkien, luta contra inimigos distantes, os personagens das Crônicas têm, muitas vezes, o pior inimigo morando dentro de casa.

3. Martin não abusa das descrições como Tolkien

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A Guerra dos Tronos não agradará aos mais objetivos. Martin, porém, pega mais leve nas descrições do que Tolkien. Claro que o continente Westeros é tão bem imaginado e descrito quanto a Terra Média e o leitor poderá saborear detalhes das capas de cavaleiros e dos bosques sagrados – há até um mapa do território dos Sete Reinos nas primeiras páginas. As descrições de Martin, no entanto, são melhor dissolvidas na narrativa e por isso muito mais dinâmicas. Um capítulo de Crônicas jamais será tão enfadonho e cansativo quanto a passagem sobre Tom Bombadil, o irritante e misterioso personagem cantador de A Sociedade do Anel, ou páginas de descrições dos diminutos detalhes das folhas da floresta de Lothlórien ou Valfenda.

4. Martin não tem nenhum princípio

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O autor de Crônicas não está preocupado com leitores de estômago fraco. Tudo que é sujo e já existiu na humanidade está presente na trama: traição, incesto, prostituição, roubo, estupro, violência, crueldade, infanticídio, eutanásia, aborto. Pode pensar no que quiser de sórdido e moralmente questionável, estará lá. Mais uma vez essa característica serve muito bem ao leitor, que tem nas mãos uma obra muito mais verossímil que O Senhor dos Anéis. “Toda fantasia requer um pouco de mágica. Mas o exagero é como errar a mão no sal”, argumenta Martin. “Elfos e duendes ficaram tão batidos que, com toda a razão, hoje muita gente quer esmurrar esses personagens”.

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5. O autor de Crônicas não se ofende se você encontrar alegorias nos livros

JRR Tolkien eGeorge R.R. Martin Keystone-France/Getty Images e Charles Eshelman/FilmMagic/Getty Images

Em entrevista a VEJA, Martin fez a comparação: “Tolkien odiava quando falavam que seus livros continham alegorias. Não sou tão radical. Espero estar dizendo coisas relevantes dos nossos tempos. O escritor americano William Faulkner dizia que a única coisa a respeito da qual vale a pena escrever é sobre os conflitos do homem consigo próprio. Não tenho a pretensão de passar mensagens, mas acredito que a luta pelo poder é um tema universal”.

6. Ao terminar os capítulos de Crônicas o leitor está sem ar

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Um dos defeitos de O Senhor dos Anéis é que em alguns momentos a narrativa torna-se lenta. Isso raramente acontece em Crônicas. O final de cada capítulo é quase sempre surpreendente, chocante ou cheio de suspense. A maioria dos leitores se obriga a começar o capítulo seguinte. É muito mais fácil largar O Senhor dos Anéis para uma pausa do que deixar Crônicas por um momento sequer.

7. Há mais reviravoltas na trama em um livro de Martin do que em todas as obras do Tolkien juntas

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Em Tolkien, era previsível imaginar que Aragorn ganharia a guerra no final e que Frodo sairia vivo da jornada. Já Martin não tem nenhum amor exagerado por seus personagens, que são tão mortais quanto qualquer um de nós. Um pequeno erro de estratégia ou um momento de fraqueza e o personagem já era. Morre vítima de um assassinato inesperado, uma traição surpreendente ou um golpe aleatório. Vilões se tornam mocinhos e perdedores campeões. Personagens vêm e vão, se aliam e desaliam a cada capítulo. A trama é imprevisível e por isso tão atraente.

8. O leitor troca de olhos a cada capítulo

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Cada capítulo da obra de Martin é narrado sob o ponto de vista de um dos personagens. Ou seja: muito mais difícil falar em mocinhos e bandidos quando você experimenta a cada vinte ou trinta páginas os medos e amores de uma pessoa diferente. O melhor exemplo dos méritos da troca de perspectiva é Tyrion Lannister. O anão é membro do clã mais sórdido dos Sete Reinos e defende a família acima de qualquer pudor. No entanto, quando o leitor mergulha na sua história, suas atitudes ganham explicações e justificativas e ele passa a ser um dos personagens mais cativantes da trama. Uma estratégia muito mais intrigante que a narração onisciente de Tolkien.

9. Há personagens para todos os gostos

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É bem difícil que alguém termine de ler Crônicas sem se identificar com um único personagem. Nos quatro livros já escritos – a série prevê sete -, Martin criou mais de mil personalidades distintas e, em algumas dezenas de casos, bastante complexas. Os personagens vivem todo tipo de drama: da deficiência física à paixão incestuosa entre irmãos. Enquanto as criaturas de O Senhor dos Anéis são movidas por honra ou ódio, os moradores de Westeros respondem à chantagem, rancor, paixão, amor, luxúria, fidelidade, ambição e confusão – motivações muito mais próximas da realidade.

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10. As Crônicas de Gelo e Fogo duram mais

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Só em número de livros já escritos As Crônicas de Gelo e Fogo já superam O Senhor dos Anéis. As páginas também são abundantes: mais de 550 por livro (versões em inglês chegam a 1.000 páginas). E a promessa é que a série some sete títulos. A melhor parte? Martin ainda está vivo, então pode aumentar esse número nos próximos anos – se quiser. Coisa que Tolkien só conseguiria se arrumasse um médium para psicografá-lo…

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