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Caso Madoff: crime e castigo

Por Por Brigitte DUSSEAU
31 out 2011, 16h06

Três anos após o escândalo Madoff, nos Estados Unidos, o filho e a mulher do escroque condenado por uma gigantesca fraude, através de um esquema piramidal, decidiram regrar suas contas com o ex-financista nova-iorquino, recusando-se a perdoar aquele que destruiu suas vidas.

Num livro divulgado nesta segunda-feira, nos Estados Unidps e numa série de entrevistas à imprensa, Andrew e Ruth Madoff falam pela primeira vez da traição, da vergonha, do choque, quando o chefe da família anunciou, no dia 10 de dezembro de 2008, que seus negócios florescentes não eram senão uma enorme “mentira”, uma fraude “à la Ponzi”, e que tinham perdido “50 bilhões de dólares”.

“Achei que minha cabeça fosse explodir. Se ele tivesse me dito que era um extraterrestre, não teria ficado tão surpreso”, contou Andrew Madoff, seu filho mais novo na noite de domingo na CBS. “Não sabia absolutamente nada daquilo”, afirmou.

“Eu menti para vocês, nestes anos todos”, teria então confessado Bernard Madoff em lágrimas.

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Furioso, o filho mais velho, Mark, “tremeu de raiva”, deixando logo a sala em que estava, seguido por Andrew. Ruth Madoff, por sua vez, afirma não ter tido jamais a menor suspeita do marido.

Seus filhos denunciaram o pai ao FBI e ele foi detido na manhã seguinte, às 7H00.

“É imperdoável, nenhum pai deveria fazer isso a seus filhos” confiou Andrew Madoff, que, como o irmão Mark, trabalhava com o pai. Fui “usado como uma espécie de escudo humano” para esconder os desvios de dinheiro.

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Mark, 46 anos, aniquilado pelo escândalo – apesar de não ter sido jamais acusado – enforcou-se em dezembro passado, dois anos após a confissão do pai.

Durante mais de dois anos, Ruth Madoff, 70 anos, agora instalada na Flórida, apoiou um marido que conheceu aos 13 anos e com quem se casou aos 18.

Visitava-o na prisão, telefonando para ele, apesar das dúvidas sobre sua fidelidade, apesar do ódio gerado pela fraude gigantesca que lesou milhares de vítimas, e apesar das súplicas de seus filhos para que cortasse todas as ligações com ele.

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“Não podia abandonar o homem com quem passei quase toda a minha vida”, contou ao New York Times, numa entrevista publicada nesta segunda-feira, mesmo se o que ele fez estivesse “além do imaginável”.

No centro do escândalo, o casal tentou mesmo suicidar-se, mas tomando doses menores de medicamentos, o que faz com que ela se alegre, hoje.

Desde o suicídio de seu filho, esta mulher miúda, de voz rouca, muito atacada na internet pelos que não acreditam em sua inocência, cortou todos os vínculos com Bernard Madoff. Como ele continuava a telefonar para ela, mudou o número do telefone.

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Ela acredita que nunca poderá acabar com a hostilidade contra sua família, apesar deste livro intitulado “Truth and consequences: Life inside the Madoff Family” (A verdade e suas consequências, a vida na família Madoff, numa tradução livre).

Ela espera simplesmente, como confiou ao New York Times, “poder andar nas ruas com a cabeça levantada”.

Durante mais de 20 anos, Bernard Madoff, um investidor célebre de Wall Street, nunca aplicou um só centavo das somas confiadas a ele por clients, tirando dos fundos de novos clientes para retribuir ou reembolsar os mais antigos.

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Riquíssimo, vivia com a família em grande luxo, com avião particular, iate e residências de luxo.

Foi pressionado em dezembro de 2008 quando, com a crise, um número crescente de investidores quis recuperar o dinheiro que teria aplicado.

Aos 73 anos, cumpre pena de 150 anos de prisão na penitenciária de Butner, na Carolina do Norte, onde trabalha para ganhar 170 dólares por mês.

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