Após confusão, Mocidade celebra título com festa modesta

Resultado saiu apenas no fim da noite de terça. Presidente promete festa maior

Por Da Redação
22 fev 2012, 07h21

Quadra da Mocidade Alegre durante apuração das escolas de samba do Grupo Especial do Carnaval de São Paulo 2012 (Rubens Cavallari/Folhapress/VEJA)

Declarada campeã do Carnaval de São Paulo, a Mocidade Alegre comemorou o título com uma festa modesta na quadra da escola, na Zona Norte da capital. A celebração do título foi atrapalhada pelo tumulto durante a apuração, que terminou com três pessoas detidas. Por causa da confusão, o resultado foi anunciado apenas por volta das 23 horas de terça-feira. No começo da noite, o público presente à quadra de escola foi orientado a voltar para casa. A quadra foi aberta pela presidente da escola, Solange Bichara, depois da meia-noite – e a festa varou a madrugada.

Em entrevista ao jornal Bom Dia Brasil, na TV Globo, na manhã desta quarta, Solange prometeu uma festa maior para os integrantes da escola. “Foi uma situação muito chata, mas estaremos no Desfile das Campeãs muito bem representadas”, afirmou.

A escola somou 170 pontos na tumultuada apuração do desfile realizada nesta terça-feira: houve invasão da área de organização do evento, roubo de cédulas, correria, incêndio de carro alegórico e, por fim, prisão de envolvidos no episódio. Confira a pontuação das escolas. A Pérola Negra e Camisa Verde e Branco foram rebaixadas para o grupo de acesso.

A decisão da Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo se baseou no parágrafo 1º do artigo 29 do regulamento dos desfiles do grupo especial, cujo uso foi definido em votação realizada entre os presidentes das escolas. “No caso de um jurado deixar de atribuir nota ao quesito em julgamento de determinada Escola de Samba, será atribuída a essa agremiação a maior nota dada pelos demais jurados que avaliaram esse quesito”, diz o texto. Quando o tumulto foi iniciado, a apuração já estava no segundo dos três jurados do último quesito da tabela, Comissão de Frente.

Terceira escola a desfilar na segunda noite de Carnaval, a Mocidade Alegre apresentou um enredo baseado em Tenda dos Milagres, livro do escritor Jorge Amado. Foi uma homenagem ao centenário de nascimento do autor baiano. Este é o oitavo título da escola.

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“A temática afro faz parte do passado de glórias da Mocidade Alegre e, em 2012, mantendo o perfil inovador e arrojado de fazer Carnaval, também prestará uma saudosa homenagem a ele que é símbolo de defesa da cultura afro-brasileira, nosso consagrado escritor Jorge Amado”, disse a presidente da agremiação, Solange Bichara, antes do exame.

A agremiação levou para a avenida 3.500 componentes, 25 alas e cinco alegorias. Seus destaques foram os atores Cassio Scapin e Nil Marcondes, além de Aline Oliveira, rainha de bateria. Conhecida entre as escolas de São Paulo como “Morada do Samba”, a Mocidade foi atingida por um incêndio em seu barracão no dia 9 de janeiro. Embora o incêndio tenha atingido esculturas de Carnavais anteriores, os carnavalescos Sidnei França e Márcio Gonçalves tiveram de se desdobrar para recuperar algumas alegorias do desfile deste ano que estavam no barracão instalado sob o viaduto Pompeia.

Os carros alegóricos e as fantasias simbolizaram o sincretismo religioso na Bahia, com a mistura de elementos do catolicismo e do candomblé, além do mix entre portugueses e africanos. Com o título Ojuobá – No Céu, os Olhos o Rei… Na Terra, a Morada dos Milagres… No Coração, um Obá Muito Amado!, a escola trouxe representações de divindades do candomblé e da conquista, por parte do negro, de espaço na cultura nacional.