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Valdir Raupp: Ideologia do PMDB depende do governo

Presidente do partido reconhece a ausência de bandeiras na legenda e diz que os peemedebistas trabalham para lançar candidato à Presidência em 2014

Por Gabriel Castro
25 jul 2011, 10h24

“Se o PT for de esquerda ou de centro, o PMDB também é. A linha é a mesma. A linha depende do governo”

O senador Valdir Raupp (RO) ocupa a presidência do PMDB desde o início do ano, quando Michel Temer deixou o posto para assumir a vice-presidência da República. Cabe ao parlamentar a tarefa de reforçar as bases do partido e usar as eleições municipais para ganhar força no cenário presidencial em 2014. Raupp está ciente de que faltam bandeiras e lideranças à legenda, mas parece não se incomodar com a fraqueza ideológica do partido – que, segundo ele, se posiciona de acordo com o PT.

Nos níveis municipal, estadual e federal de governo, o PMDB raramente está na oposição. O partido apega-se pouco a ideologias e muito a cargos. Como o senhor explica esse comportamento? O PMDB é um partido muito grande para fazer oposição. Veja o exemplo do governo Lula, no primeiro mandato. O PMDB não tinha nem cargo no governo durante os primeiros dois ou três anos e não fez oposição porque entendia que era o maior partido o país, com o maior número de deputados e senadores. No momento do mensalão do PT, se o PMDB tivesse ido para a oposição tinha derrubado o governo. E não seria bom para o país. O partido tem olhado muito essa questão da governabilidade, da responsabilidade. E agora, com o vice-presidente da República, é mais difícil ainda fazer oposição.

Não é curioso que em estados governados pelo PSDB e pelo DEM o partido também seja parte da administração? Não. Eu cito rapidamente dois estados onde o PMDB é radicalmente oposição: Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Os deputados estaduais do Rio Grande do Sul fazem oposição cerrada ao governo. Visitei esses dois estados recentemente. E, se não me falha a memória, na Bahia também é assim. Se você fizer um levantamento, vai ver que em mais ou menos 50% dos estados o PMDB é oposição.

Isso não é mais um reflexo do resultado das últimas eleições do que resultado de uma divergência ideológica? É claro que a oposição decorre de uma disputa na eleição. Por exemplo: se o PMDB fez uma aliança com outro partido e esse partido vai ao governo, a tendência do PMDB é estar na base. Se o PMDB perdeu a eleição, há uma tendência de ir para a oposição. Isso é natural em qualquer partido. Eu não conheço estados onde o PMDB foi adversário na eleição e depois fechou com o governo. Mas cada caso é um caso.

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Durante o segundo turno da campanha presidencial, quando já se sabia que o bloco PT-PMDB teria ampla maioria no Congresso, o candidato José Serra dizia não se importar porque sabia que, se ele vencesse, traria para seu lado o PMDB. Isso não tira a importância do partido? Pelo contrário, porque ele sabia que, sem o PMDB, dificilmente teria condições de governar. E, no plano nacional, isso é verdade. A história tem mostrado isso. Com Fernando Henrique, o PMDB, mesmo caminhando dividido em uma das eleições, acabou compondo a base para poder fazer maioria no Congresso. E aqueles presidentes que não se preocuparam com isso acabaram tendo problemas. Acho que é natural que, na democracia, o governo monte a maioria no Congresso.

O PMDB é de direita, esquerda ou centro? Se o PT for de esquerda ou de centro, o PMDB também é. A linha é a mesma. A linha hoje depende do governo. O PT já foi radicalmente de esquerda e hoje é de centro. Eu acho que o PMDB é de centro.

Não faltam bandeiras ao PMDB? Nós estamos buscando isso. Vamos fazer um grande encontro no dia 15 de setembro, talvez o maior encontro da história do partido, em Brasília, congregando todos os vereadores, prefeitos, deputados estaduais e federais, diretórios regionais. Vamos juntar umas 4.000 pessoas para criar algumas bandeiras. O PMDB já teve muitas bandeiras no passado, como a redemocratização e as Diretas Já, e agora realmente estão faltando bandeiras para o partido. Precisamos trabalhar para encontrá-las.O PMDB continua um grande partido porque é reconhecido pela sua história. A população ainda tem um certo apreço pelo partido devido às bandeiras de luta do passado. Mas é verdade que precisamos encontrar algumas bandeiras para o momento atual.

Já há propostas? Temos trabalhado muito na área da segurança pública, até porque o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, que é do PMDB, tem desempenhado um importante papel nessa área. Uma questão que já está se vencendo, que já não chega a ser uma bandeira,é a questão da reforma do Código Florestal, que o PMDB tem defendido muito. Duas outras bandeiras que poderão ser buscadas são a saúde e a educação. A saúde talvez seja o mais forte, porque está com problemas em todo o país.

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A aliança com o PT em 2014 está garantida? Eu tenho sempre falado que nós estamos preparando o partido para, se precisar, lançar candidatura própria. Se for possível a reedição da aliança com o PT, se até lá continuar tudo bem, será possível. Senão, o PMDB estará preparado para lançar candidatura própria.

O DEM foi como o PMDB do PSDB no governo Fernando Henrique. Era o partido que tinha o vice e sempre esteve do lado do Executivo mas acabou ficando sem lideranças novas. O senhor teme que aconteça o mesmo com o PMDB? Não existe a menor possibilidade de isso acontecer com o PMDB. O partido vai sair das eleições de 2012 mais fortalecido do que está hoje. Estamos preparando o partido para hegar em 2014 como o maior partido do país – inclusive para buscar de volta a maior bancada na Câmara. Estamos começando por São Paulo [onde a legenda foi atrás de novas lideranças], e o exemplo de São Paulo está sendo seguido em todo o país.

Se o PSDB conquistar a Presidência em 2014, o PMDB comporia o governo? Isso está muito distante ainda. Até lá o PMDB pode ter lideranças mais fortes que as do PSDB. O PMDB poderá estar mais forte do que do PSDB. Aliás, já está hoje. Não tem lideranças ainda para disputar a eleição presidencial, mas até 2014 nós teremos.

Sérgio Cabral e Eduardo Paes podem ocupar esse espaço no plano federal? Sim. Michel Temer, Sérgio Cabral e Eduardo Paes são lideranças que estão despontando dentro do PMDB.

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