Temer sobre Orlando Silva: “O jeito é deixar no lugar”
Vice-presidente afirma que reputação do ministro do Esporte é 'indestrutível', mas não assegura sua permanência à frente da pasta
O vice-presidente da República, Michel Temer, afirmou nesta terça-feira que a reputação do ministro Orlando Silva é “indestrutível”, mas não assegurou sua permanência à frente da pasta. “Não há até hoje nenhuma definição, é preciso aguardar”, declarou. “Tendo em vista a natural combatitividade do ministro, o jeito é deixar no lugar”.
Na última sexta, em carta enviada a seu partido, o PCdoB, Orlando Silva citou o poeta chileno Pablo Neruda para demonstrar que tem a confiança da legenda para ficar no governo. “Neste momento, como disse Pablo Neruda em sua carta ao partido, me sinto indestrutível, porque contigo, meu partido, não termino em mim mesmo”, disse o ministro.
O PCdoB manifestou publicamente apoio a Orlando Silva e, nos bastidores, tem agido para, ao menos, manter o Ministério do Esporte nas mãos da sigla. “Todos nós aguardamos que tudo isso seja superado, mas o cargo de ministro é da presidente Dilma Rousseff”, afirmou o deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP), no Congresso Nacional de Avicultura, em São Paulo, onde Michel Temer também estava presente.
Nesta terça-feira, o ministro Orlando Silva volta à Câmara dos Deputados para dar explicações sobre o escândalo de corrupção em que está envolvido. O policial militar e ex-integrante do PCdoB João Dias revelou a VEJA um esquema de desvio de verbas do Programa Segundo Tempo, coordenado pelo ministério.
Novos fatos – Reportagem de VEJA desta semana revela o conteúdo de gravações de uma conversa de abril de 2008 entre João Dias e dois assessores do ministério: Fábio Hansen, ex-chefe de gabinete da Secretaria de Esporte Educacional, e Charles Rocha, ex-chefe de gabinete da Secretaria Executiva.
O próprio policial registrou a conversa. Militante do PCdoB e dirigente de uma ONG, ele foi pego de surpresa por um ofício do Ministério do Esporte, enviado à Polícia Militar, responsabilizando-o por irregularidades e desvios de dinheiro. A gravação demonstra que Hansen e Rocha se esmeraram para arquitetar uma fraude que livrasse João Dias da investigação. “A gente pode mandar lá um ofício desconsiderando o que a gente mandou”, propôs Charles Rocha. E Hansen completou: “Você faz três linhas pedindo prorrogação de prazo.” Ele ainda explicou que esse pedido de prorrogação deveria ter data falsa.