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Serra concede passaporte diplomático a pastor ligado a Cunha

Samuel Ferreira é líder da Assembleia de Deus, igreja citada na delação premiada do lobista Júlio Camargo como destinatária de depósito de propina ao presidente afastado da Câmara

Por Da Redação 18 Maio 2016, 17h23

O novo ministro das Relações Exteriores, José Serra, concedeu o benefício do passaporte diplomático a Samuel Cássio Ferreira, pastor evangélico ligado ao presidente da Câmara afastado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Líder da Assembleia de Deus Brás, em São Paulo, Ferreira portará o passaporte durante três anos. Atendido na edição desta quarta-feira do Diário Oficial da União, o pedido do religioso foi feito no dia 27 de abril, há menos de um mês. Além de Samuel Ferreira, sua mulher, Keila Campos Costa Ferreira, também teve o benefício autorizado.

Com o passaporte diplomático, o viajante tem tratamento diferenciado nos aeroportos e alfândegas, sendo dispensado da revista aqui e em vários países, além de não enfrentarem filas. Os portadores também não pagam para ter o documento.

A concessão de passaportes diplomáticos foi regulamentada pelo decreto 5978, editado pelo ex-presidente Lula em 2006. Líderes religiosos não estão entre as categorias que podem receber o benefício, mas o decreto prevê que “às pessoas que, embora não relacionadas nos incisos deste artigo, devam portá-lo em função do interesse do país”, basta uma autorização do Itamaraty para portar o passaporte.

A assessoria de imprensa do Itamaraty afirma que, historicamente, o governo sempre concedeu passaportes diplomáticos à Igreja Católica, benefício estendido às outras denominações religiosas a partir de 2006. Segundo a pasta, o novo chanceler vai rever a política de concessão da regalia.

Depósito de propina à igreja – O nome de Ferreira aparece na denúncia que tornou Eduardo Cunha réu no Supremo Tribunal Federal (STF) sob a acusação de embolsar 5 milhões de dólares em propina do petrolão. Na denúncia aceita pelo STF, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, citou trechos da delação premiada do lobista Júlio Camargo em que ele relata uma orientação do operador Fernando Baiano sobre como fazer os repasses a Eduardo Cunha relativos a contratos de navios-sonda da Petrobras.

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Por indicação do deputado, segundo o delator, Baiano indicou “que deveria realizar o pagamento desses valores à Igreja Evangélica Assembleia de Deus. Segundo Fernando Soares, pessoas dessa igreja iriam entrar em contato com o declarante, o que realmente ocorreu”. De acordo com a denúncia da PGR, duas empresas de Camargo, a Piemonte e a Treviso, depositaram 250.000 reais na conta bancária da igreja em agosto de 2012 a título de “pagamento a fornecedores”.

Ressaltando que Júlio Camargo “nunca havia feito anteriormente doação para a Igreja Evangélica Assembleia de Deus, nunca frequentou a referida igreja e professa a religião católica”, Rodrigo Janot afirma que “é notória a vinculação de Eduardo Cunha com a referida igreja. O Diretor da referida Igreja perante a Receita Federal é Samuel Cassio Ferreira”.

O pastor agraciado com o passaporte diplomático é irmão de Abner Ferreira, líder da Assembleia de Deus Ministério Madureira, uma das duas igrejas evangélicas frequentadas pelo presidente afastado da Câmara no Rio de Janeiro.

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