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Psiquiatras traçam perfil de Wellington a partir de vídeos

A falta de expressão facial revelaria incapacidade de estabelecer vínculos afetivos

Por André Vargas
Atualizado em 10 dez 2018, 10h55 - Publicado em 19 abr 2011, 16h04

A divulgação de vídeos encontrados no computador de Wellington Menezes de Oliveira, dias após o massacre em Realengo, deu margem a que psicólogos e psiquiatras descrevessem o perfil do matador. As gravações apresentam um coquetel de fantasias e delírios que se agravaram ao longo dos dias que antecederam o ataque, resultando na morte de doze crianças.

Para o psiquiatra forense Guido Palomba, o caso de Wellington é a clássica de esquizofrenia paranóide. Palomba, que já atendeu a assassinos mentalmente perturbados, acredita que havia uma separação entre o mundo real e o universo mental de Wellington. “Ele passou de perseguido a perseguidor, sofreu de alucinações auditivas, ao ouvir vozes, e delirou com intensidade, principalmente no último vídeo”, comenta. A falta de expressão facial (hipomimia) revelaria incapacidade de estabelecer vínculos afetivos, típicos de quem vive em isolamento.

Formado em Yale, o psiquiatra forense Felipe Suplicy enfatiza que, apesar da premeditação, o atirador não seria um psicopata – um assassino frio, tão incapaz de controlar seus impulsos quanto de sentir algum tipo de remorso. A história familiar de esquizofrenia, o afeto pouco desenvolvido e os delírios sobre irmãos e fiéis apontariam para transtorno de personalidade. Suplicy aponta um dado essencial. Apesar das fantasias grandiosas e ilógicas sobre religião, a matança foi planejada com método. “Ele foi claro ao dizer que estava motivado por ódio e que iria se livrar de seu sofrimento – que, possivelmente era real”, diz. A pedido do site de VEJA, Palomba e Suplicy assistiram detidamente aos vídeos e apontaram o que se passaria na cabeça confusa de Wellington a cada momento de sua narrativa.

Leia tudo sobre o massacre em Realengo.

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E todos que estavam por perto debochavam. E divertiam com as humilhações que eu sofria…
Tabela
Abri mão de minha vida por vocês, fiéis. Se Deus achar que sou merecedor…

https://www.youtube.com/watch?v=XyM0SR2b8c8

Análise do especialista

“Ao se colocar diante de Deus para ser julgado, sugere que não está delirante. Caso estivesse (em delírio), estaria certo de seus atos, que seriam baseados em uma ideia fixa”

Felipe Suplicy, psiquiatra forense

Tabela
Primeiramente deverão saber que os impuros não poderão me tocar sem usar luvas. Somente os castos ou os que perderam sua castidade após o casamento – e não se envolveram em adultério – poderão me tocar sem usar luvas

https://www.youtube.com/watch?v=Gt-Y16FsyOk

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Análise dos especialistas

“A leitura da carta mostra a ‘esquizo’ – termo que vem do grego e quer dizer fenda -, entre o mundo dos ‘puros’ e dos ‘impuros’. Um (universo) não pode tocar, nem se comunicar, com o outro”

Guido Palomba, psiquiatra forense

“Indica tanto um padrão esquizofrênico quanto medo de ser tocado por seus molestadores, ou algo que os represente”

Felipe Suplicy, psiquiatra forense

Tabela
Mas o que mais me irrita hoje é saber que este cenário vai se repetindo, sem que nada seja feito contra essas pessoas covardes e cruéis

https://www.youtube.com/watch?v=moc-Y8VaRL8

Análise dos especialistas

“Ele é auto-referente e tem alucinações auditivas”

Guido Palomba, psiquiatra forense

“Este trecho tem potencial para despertar sentimentos de empatia e identificação”

Felipe Suplicy, psiquiatra forense

Tabela
Para que eles saibam, que todos saibam, que existem irmãos, dispostos a darem suas vidas por vocês, os inspirando a se defenderem até as últimas consequências, irmãos

https://www.youtube.com/watch?v=eLwDGZsw3qI

Análise dos especialistas

“Ele criou um mecanismo perseguidor-perseguidor, típico de esquizofrênicos”

Guido Palomba, psiquiatra forense

“É um claro indício que Wellington pretendia servir de modelo para outros”

Felipe Suplicy, psiquiatra forense

Tabela
Que o ocorrido sirva de lição, principalmente às autoridades escolares, para que descruzem os braços diante de situações em que alunos são agredidos, humilhados, ridicularizados, desrespeitados. Escola, colégio e faculdade são lugares de ensino, aprendizado e respeito. Se tivessem descruzado os braços antes e feito algo sério no combate a esse tipo de práticas, provavelmente o que aconteceu (sic), não teria acontecido. E eu estaria vivo, todos os que eu matei estariam vivos

https://www.youtube.com/watch?v=QfG7Cbka_Qs

Análise dos especialistas

“Totalmente delirante, com cunho de prejuízo, auto-referente, persecutório”

Guido Palomba, psiquiatra forense

“É a maior demonstração de raiva e ódio, a tal ponto que ele não vê outra saída a não ser matar”

Felipe Suplicy, psiquiatra forense

Tabela
E do nada aparecer dois caras grandes. E do nada começaram a ridicularizar, humilhar, não diretamente, mas para te atingir, te colocar para baixo. Te atingir mesmo, como um meio de diversão. Esses covardes, esses cruéis

https://www.youtube.com/watch?v=5BwyjWkW_kw

Análise dos especialistas

“Estas vozes zombeteiras são alucinações auditivas, que nascem do nada”

Guido Palomba, psiquiatra forense

“Mais uma vez ele tenta justificar seus futuros atos, esperando que aquele que conseguir imaginar seu sofrimento, irá entendê-lo”

Felipe Suplicy, psiquiatra forense

Tabela
Me tornei um combatente, uma pessoa forte, corajosa, que tem como objetivo a defesa dos irmãos fracos, que ainda se encontram na condições, ainda sendo incapazes de se defender

https://www.youtube.com/watch?v=SjXtoR12yDA

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Análise dos especialistas

“Passa de perseguido a perseguidor”

Guido Palomba, psiquiatra forense

“Dá indícios de que ele agiu para se ‘libertar’ de seu sofrimento. Se o bullying realmente ocorreu, ele não seria psicótico”

Felipe Suplicy, psiquiatra forense

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