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Propina da Petrobras beneficiou PT e PP, diz executivo

Presidente da Petrobras afirmou à CPI que, no total, autorizou o pagamento de 110 milhões de reais em propina aos dois partidos

Por Gabriel Castro, de Brasília
20 Maio 2015, 18h31

O diretor-presidente da construtora Camargo Corrêa, Dalton Avancini, reafirmou nesta quarta-feira à CPI da Petrobras que o pagamento de propina a executivos da companhia estava ligado ao aparelhamento político na estatal. Ele disse que os valores destinados ao PT passavam pelas mãos de Renato Duque, então diretor de Serviços. No caso do PP, o caminho era a diretoria de Abastecimento, comandada à época por Paulo Roberto Costa.

Avancini foi diretor de Óleo e Gás da Camargo Corrêa a partir do fim de 2008. Ele contou que, ao assumir o cargo, encontrou um esquema de corrupção em pleno funcionamento. “O diretor que me antecedeu, Leonel Viana, me comunicou que já era um processo existente e que existia um compromisso da empresa de pagamentos dentro da diretoria de abastecimento e da diretoria de serviços”, afirmou.

Ainda se referindo ao antecessor na diretoria de Óleo e Gás, Dalton Avancini mencionou a justificativa que recebeu para o esquema de corrupção: “Ele informou que existia dentro desse processo um apoio partidário dentro dessas diretorias e que era um compromisso da empresa fazer esse apoio partidário”.

O presidente admitiu que, ao todo, autorizou o pagamento de 110 milhões de reais em propina: 63 milhões de reais para Duque e 47 milhões de reais para Costa. O pagamento era feito por meio de intermediários: no caso de Duque, Júlio Camargo. No de Costa, o doleiro Alberto Youssef. Normalmente, a propina correspondia a 1% do valor do contrato.

Avancini confirmou ainda que o valor da propina normalmente era embutido no valor do orçamento apresentado pela empresa à Petrobras. “Os valores que se atribuem como propina eram incluídos dentro desses preços. Quando se fala de superfaturamento, esse valor estava dentro do preço”, disse ele, contrariando a tese petista de que os acertos envolviam apenas a margem de lucro das empresas e não implicaram desvio de recursos públicos.

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Para assegurar que sairia vencedora na concorrência mesmo com o sobrepreço causado pela corrupção, a Camargo Corrêa se valia do cartel apelidado de “clube do bilhão”. As outras companhias apresentavam preços superiores e, assim, a Camargo Corrêa saía vencedora da concorrência. Havia uma espécie de rodízio para permitir que todas as empresas fossem beneficiadas.

Coerção – O presidente da construtora afirmou que os diretores praticavam “todo o tipo de coerção” para forçar o pagamento de propina. Uma das formas de pressionar as empresas era adiar o início de obras ou a formalização de aditivos em contratos. “À medida que você tinha vários aditivos sendo discutidos, vários contratos em andamento, o atraso trazia danos pesados para a empresa”, disse ele. Segundo ele, isso ocorreu em 2008, quando Avancini assumiu a presidência e suspendeu o pagamento de propina. A diretoria comandada por Renato Duque começou a colocar empecilhos à obra. A Camargo Corrêa acabou retomando os pagamentos ilegais.

Avancini também disse que o cartel era facilmente detectável e não funcionaria sem colaboração de autoridades da Petrobras. “Qualquer diretor da Petrobras que olhasse o resultado das licitações tinha condição de saber o que estava acontecendo”.

O presidente da Camargo Corrêa disse estar arrependido de ter integrado o esquema de corrupção. “Lamento por não ter tido a coragem e a força para romper com um processo que acontecia e a gente vê hoje claramente o quão danoso foi.”

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