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Polícia prende chefes de facções em guerra na Mangueira

Mesmo ocupada pela polícia, Morro da Mangueira assistia à violenta disputa entre traficantes, que espalhou terror e fez escola de samba cancelar ensaio

Por Leslie Leitão 7 nov 2014, 18h48

A morte do ex-traficante Francisco Paulo Testas Monteiro, o Tuchinha, em setembro, foi o estopim de uma guerra de facções criminosas que mostrou o enfraquecimento do programa de ocupação de favelas do Rio de Janeiro por meio das chamadas UPPs, as Unidades de Polícia Pacificadora. Desde então, bandidos do Comando Vermelho e do Terceiro Comando Puro começaram a disputar à bala o controle do Morro da Mangueira, que em junho de 2011 foi ocupado pela polícia militar com a promessa de pacificação. Os recorrentes confrontos espalharam o terror, a ponto de o ensaio na quadra da escola de samba mais famosa do carnaval ser cancelado. Na semana passada, cinco bandidos foram mortos e decapitados nas imediações da favela. Pouco antes, um adolescente foi morto por bala perdida, e um jovem soldado da PM, executado. Nesta sexta-feira, a Polícia Federal e a Polícia Civil, em ações distintas, acreditam ter conseguido estancar o derramamento de sangue com a prisão dos dois homens que lideravam essas batalhas, um de cada facção.

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O primeiro a ser capturado foi João Paulo Firmiano Mendes da Silva, o Russão. Ele estava escondido no Paraguai com outros integrantes da cúpula do CV quando, no início da guerra, foi enviado de volta ao Rio com a missão de retomar o controle dos pontos de venda de droga da Mangueira. O criminoso foi capturado por agentes da Delegacia de Patrimônio (Delepat) da PF e da Subsecretaria de Inteligência (Ssinte) da Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro numa casa no Morro do Juramento, na Zona Norte da cidade. Junto com ele foi preso outro líder do tráfico, só que da cidade de Cabo Frio, na Região dos Lagos, Carlos Eduardo Freire Barboza, o Cadu Playboy. Com eles foram apreendidos mais de 300 000 em espécie, seis pistolas e granadas.

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No início da tarde, um dos homens mais procurados do Rio – o Disque Denúncia ofereceu uma recompensa de 20 000 reais pelo bandido – se entregou na 39ª DP (Pavuna). Leonardo da Costa, conhecido como Léo 22, apontado nas investigações como um dos líderes do grupo do TCP na guerra, era alvo de cinco mandados de prisão expedidos pela Justiça. O criminoso negou participação nos ataques. As investigações da Polícia Federal, no entanto, indicam que no final do mês passado, a disputa entre criminosos acabou matando um morador inocente, o adolescente Caio Martins Ferreira, de 17 anos. A partir deste episódio, Russão teria reclamado com criminosos da facção rival: “Ele fez contato com bandidos do Morro da Serrinha (que apoiavam Léo 22 nos ataques) e disse que moradores que nada tinham a ver com a disputa estavam sendo mortos pelos invasores. E assim a quadrilha começou a fazer as cobranças”, explica um investigador.

De fato, no último dia 30, cinco corpos de criminosos ligados a Léo 22 foram encontrados esquartejados dentro de um carro no Morro da Mangueira. Nas redes sociais há vídeos de bandidos cortando os corpos e os exibindo como troféus. A investigação da polícia indica ainda que, em virtude da morte de inocentes, Léo 22 teria perdido o apoio do bando da Serrinha. E, por isso, decidiu se entregar.

Mais confrontos – No início da semana, a 6ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça concedeu habeas corpus a um dos líderes do tráfico no Complexo do Alemão, Edson da Silva Souza, o Orelha, e mais 24 comparsas acusados de atacar as bases da PM nas favelas da região. O MP recorreu e conseguiu novo mandado de prisão contra o grupo, mas Orelha foi solto na quinta-feira.

Esta sexta-feira foi marcada por confrontos em três favelas ocupadas. No final da tarde, em Nova Brasília, uma das favelas do Alemão, o soldado Eduardo Gonçalves Rodrigues foi baleado no braço, e o soldado Michel Luís dos Santos, no abdome. Ambos foram levados para o Hospital Getúlio Vargas. Pela manhã, na Rocinha, em São Conrado, um soldado, que não teve seu nome revelado, foi atingido no ombro. Na Baixa do Sapateiro, no Complexo da Maré ocupado pelo Exército, um morador, Luís Carlos de Souza, de 54 anos, foi atingido por uma bala de perdida na perna, mas passa bem.

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