Polícia desmonta esquema de superfaturamento no DNIT
Sete pessoas foram presas, entre elas Gledson Maia, superintedente regional do órgão que é sobrinho do deputado federal João Maia (PR) e do ex-diretor do Senado, Agaciel Maia
Batizada de Via Ápia, a operação da Polícia Federal investiga, desde maio, indícios de superfaturamento e desvio de verbas na obra de duplicação de um trecho da rodovia BR-101
Uma investigação levou para a delegacia a cúpula do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) no Rio Grande do Norte. O superintendente, Fernando Rocha Silveira, foi detido na manhã de hoje (5), em Natal, por policiais federais. Além dele, foram levados seis membros da diretoria do órgão e o encarregado pela fiscalização dos contratos suspeitos. Um mandado de prisão também foi cumprido em Pernambuco.
Batizada de Via Ápia, a operação da Polícia Federal investiga, desde maio, indícios de superfaturamento e desvio de verbas na obra de duplicação de um trecho da rodovia BR-101, entre o município potiguar de Arês e a divisa com a Paraíba. O prejuízo aos cofres públicos está estimado em 2 milhões de reais. O custo da duplicação naquela área recebeu seguidos aditivos contratuais, atingindo 200 milhões de reais. Os policiais recolheram documentos e computadores na sede da superintendência do DNIT. Durante as buscas foram aprendidos 10 mil dólares e 258 mil reais.
Na tarde de ontem (4) a PF já havia flagrado o substituto de Fernando Rocha e diretor regional do DNIT, Gledson Maia. Ele foi abordado dentro da churrascaria Sal & Brasa, em Natal, quando recebia uma suposta propina no valor de R$ 50 mil. Gledson Maia é sobrinho do deputado federal João Maia (PR) e do ex-diretor do senado, Agaciel Maia.
O dinheiro para Gledson estava em uma valise. O empresário que fez a entrega teve sua identidade preservada. A Polícia Federal não esclareceu se ele fazia parte do esquema ou estava colaborando com as investigações.
Gledson é o terceiro da família a ganhar notoriedade em casos de corrupção. Seu tio João apareceu em gravações reclamando de não receber a propina combinada para aprovar emendas. Em 2009, o tio Agaciel foi o pivô do escândalo dos atos secretos e vivia em uma mansão avaliada em 5 milhões de reais que não era declarada para a Receita.