Pelo menos quinze pessoas estão desaparecidas
Na central de atendimento de emergência montada próximo ao local e no Hospital Souza Aguiar, parentes e amigos se afligem em busca de notícias
Na agência da Caixa Econômica Federal que fica na esquina da Avenida Rio Branco com Avenida Chile foi instalada uma central de atendimento às famílias de pessoas que podem estar sob os escombros dos prédios que desabaram nesta quarta-feira. No início da madrugada, cerca de 50 familiares buscavam informações sobre aproximadamente 15 pessoas. Everton Generoso de Assunção Ferreira procurava por seu pai, que tinha um escritório de administração no local. Segundo Ferreira, o prédio não tinha condições de funcionar. Os elevadores sofriam pane frequente. E, há alguns dias, porteiros teriam reclamado de cheiro de gás.
No Hospital Souza Aguiar, a maior aflição é dos que buscam notícias. Roberto Flaviano procurava sua mulher, Ana Cristina, de 50 anos, que trabalhava com ele em um escritório no 11º andar do Edifício Liberdade. Flaviano deixou o prédio às 16h, seu sócio Ericsson Vianini saiu às 17h30. O último contato com Ana foi feito por volta das 20 horas, quando ela acabara de dispensar a última funcionária. “Eu tinha um escritório, agora não tenho nada. Mas se ela estiver viva nem me importo”, dizia, emocionado.
Carla Montenegro Vasconcelos procurava pelo marido, o técnico de informática Luiz Leandro, de 41 anos. Ele estava instalando um computador no 4º andar do prédio, fora do horário comercial, como normalmente se exige nesse tipo de serviço, e não fez qualquer contato com a família após o desabamento. Antônio Cristino buscava notícias da afilhada Kelly da Costa Menezes, de 28 anos. “Não consigo falar no celular e ela também não está no hospital”, disse ele.
Sobreviventes – O decorador Gilberto Figueiredo, de 33 anos, contou que escapou por pouco de ser soterrado nos desabamentos. Ele estava no elevador, descendo do 9º andar, quando sentiu um tremor, seguido de fortes estalos. Ao chegar ao térreo, Gilberto só teve tempo de correr antes do prédio desmoronar. Do lado de fora, o decorador viu muita poeira, pânico e correria. “Parecia o World Trade Center”, relatou. Gilberto escapou com apenas um arranhão nas costas, provocado pela queda de um bloco de concreto. “Fui protegido por Deus”, afirmou ele.
André Morais trabalhava na mesma obra que Gilberto e foi o responsável pelo resgate de Cristiane do Carmo, que sofreu um ferimento no couro cabeludo e foi levada ao centro cirúrgico. Ao ver Cristiane ferida e sangrando dentro do prédio, André a puxou pelo braço e correu até um local seguro, pouco antes do desabamento. O trabalhador conta que na hora não pensou na vida dele e se preocupou apenas em salvar Cristiane.
O prefeito Eduardo Paes informou que haverá interdições de ruas e avenidas próximas à área do desabamento, e pediu que se evite circular de carro na região nesta quinta-feira.
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