Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Paulo Ferreira nega propina e fala em remuneração a cabos eleitorais

“Imperador do samba no Rio Grande do Sul”, ex-tesoureiro do PT afirma que seus filhos e membros de escola de samba gaúcha receberam dinheiro do advogado Alexandre Romano por trabalho em sua campanha a deputado em 2010

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 8 jul 2016, 15h53

Preso na 31ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada na segunda-feira e batizada de Abismo, o ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira prestou depoimento à Polícia Federal na terça-feira. Ferreira afirmou aos investigadores que todos os repasses feitos pelo advogado Alexandre Romano, o Chambinho, delator da Lava Jato, a pessoas indicadas por ele se referiam a serviços prestados à sua campanha a deputado federal em 2010. De acordo com Chambinho, que relatou ao Ministério Público um esquema de corrupção que movimentou 39 milhões de reais, os pagamentos eram propina a Ferreira coletada de contratos de empreiteiras que participavam de obras no Centro de Pesquisas da Petrobras, no Rio de Janeiro.

A madrinha de bateria e o cantor da escola de samba Estado Maior da Restinga, de Porto Alegre, e os dois filhos de Paulo Ferreira, Ana Paula e Jonas, estão, segundo o delator, entre os beneficiários de propinas destinadas ao ex-tesoureiro do PT pelas empresas Construbase, Schahin e Ferreira Guedes.

Nomeado “imperador do samba no Rio Grande do Sul” graças a seu apoio “ao setor da cultura popular” gaúcha, Paulo Ferreira reconheceu apoiar a escola de samba “por meio de modalidade de financiamento, a exemplo de leis de incentivo”, mas disse que os integrantes da agremiação trabalharam por sua candidatura, assim como Ana Paula e Jonas.

Chambinho apresentou em sua delação comprovantes de depósitos que totalizaram 62.000 reais à madrinha de bateria Viviane da Silva Rodrigues e o repasse de 45.000 reais à escola de samba. O cantor Sandro Ferraz, ligado à Estado Maior da Restinga, a ex-secretária de Ferreira Silvânia Gomes, e o blogueiro Júlio Garcia, responsável por produzir notícias favoráveis ao PT, também camuflaram propina a mando de Ferreira.

Continua após a publicidade

LEIA TAMBÉM:

Delator comprou carro de Vaccari a pedido de Paulo Ferreira

O esquema de pagamento de propina gerenciado por Alexandre Romano começou em 2009, quando ele começou a contabilizar, por meio de seu escritório de advocacia, “dívidas” que Paulo Ferreira ou o PT tinham a receber. Para disfarçar a origem criminosa do dinheiro, Chambinho providenciava contratos superfaturados ou simulados com empresas indicadas pelo ex-tesoureiro. Na transação, os valores eram depositados na conta do escritório de advocacia Oliveira Romano Sociedade de Advogados ou de uma empresa controlada por ele. Depois, o dinheiro passava para a conta de Nathalie Romano, esposa do delator, e ao final, a propina chegava a Paulo Ferreira ou a pessoas indicadas por ele.

Continua após a publicidade

Chambinho ficava com 40% de “taxa de serviço” se tivesse de simular contratos superfaturados e 30% se precisasse apenas simular negócios para lavar o dinheiro da propina. O restante do dinheiro desaguava no bolso de Ferreira.

Empresário contradiz petista – Em seu depoimento à PF, Paulo Ferreira disse não conhecer o diretor da empreiteira Construbase Genésio Schiavinatto Júnior e negou ter indicado o escritório de Alexandre Romano como intermediário de dinheiro propina. A versão de Schiavinatto, no entanto, desmente o petista.

Segundo o diretor, a Construbase integrava o Consórcio Novo Cenpes, liderado pela OAS, e teria acumulado uma dívida de 2 milhões de reais com a empreiteira pela execução de estudos técnicos. Agenor Franklin, executivo da OAS, teria indicado a Schiavinatto que a Construbase fizesse o pagamento da dívida ao PT e que “uma pessoa” o procuraria para tratar do assunto.

Continua após a publicidade

“Então, Paulo Ferreira ligou ao declarante e marcaram um encontro no Diretório do PT em São Paulo. Na reunião aconteceu, Paulo Ferreira insistiu para que a Construbase realizasse doações ao Partido dos Trabalhadores”, diz o diretor da empresa, que afirma ter negado o pedido em um primeiro momento. Após ser apresentado por Ferreira a Chambinho e seu escritório, contudo, Schiavinatto aceitou fazer os pagamentos.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.