O resultado do abandono: Rio tem 18 mil imóveis em áreas com risco de deslizamento de terra
Estudo inédito vai orientar ações de órgãos públicos na prevenção de acidentes e na elaboração de obras emergenciais
Décadas de abandono propiciaram, no Rio de Janeiro, o surgimento e a expansão clandestinas das construções em encostas. O tamanho exato do problema, no entanto, sempre foi desconhecido, com a gravidade da situação saltando aos olhos apenas quando era tarde de mais, em catástrofes como a de abril do ano passado. Pela primeira vez, a prefeitura do Rio conhece em detalhes a área e o contingente em risco nesses locais na cidade, como explicou na manhã desta quinta-feira o prefeito Eduardo Paes.
O prefeito apresentou um levantamento inédito, produzido pela Geo-Rio, em 196 locais – a maioria deles, favelas. A estimativa é de que 18 imóveis estejam em áreas com risco de deslizamento. Segundo o prefeito, esse número era de 21 mil no início do ano passado, mas a remoção de 3 mil famílias contribuiu para uma pequena melhoria na situação.
Se houve melhoria, no entanto, foi pouco, diante do histórico de problemas e da certeza de que, até o fim do verão, chuvas fortes vão atingir a cidade e trazer o risco de uma nova catástrofe.
Os problemas atingem 52 bairros das zonas norte, sul e oeste e o centro da cidade. Como era de se esperar, as áreas mais pobres e com maior adensamento populacional estão em situação mais crítica. O levantamento, segundo Paes, vai orientar as ações das defesas civis municipal e estadual a traçar um plano de ação.
Na quarta-feira, um levantamento produzido pela Secretaria Nacional de Defesa Civil mostrou que o Rio foi o estado com o maior número de mortos pelas chuvas em 2010. das 473 mortes causadas pelas enxurradas no ano passado, 316 ocorreram em solo fluminense – 168 delas só em Niterói, onde desabou o Morro do Bumba em abril do ano passado.