A carceragem da Polícia Federal em Curitiba recebeu nesta terça-feira um vice-almirante da Marinha: Othon Luiz Pinheiro da Silva. Formado pela Escola Naval em 1960, Silva atingiu o mais alto posto da carreira naval para oficiais engenheiros. Considerado o pai do programa nuclear brasileiro – do qual foi um dos coordenadores até 1994 -, o presidente licenciado da Eletronuclear formou-se em engenharia naval pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e, no fim dos anos 1970, graduou-se engenheiro nuclear e se especializou em engenharia mecânica pelo prestigiado Instituto de Tecnologia de Massachusets (MIT), nos Estados Unidos. Autor do projeto que deu início ao uso de ultracentrífugas para enriquecimento de urânio no país, recebeu em 1994 a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico. Naquele ano, aposentou-se da Marinha e passou a atuar como consultor na área de energia. Em 2005, Othon assumiu a presidência da Eletronuclear, um dos braços da Eletrobras.
Segundo as investigações da Operação Lava Jato, o almirante da reserva recebeu 4,5 milhões de reais em propina, entre 2009 e 2014, das empreiteiras Engevix e Andrade Gutierrez. O nome de Pinheiro passou a ser alvo dos investigadores após ser citado pelo executivo Dalton Avancini, da Camargo Corrêa, que assinou acordo de delação premiada.
A 16ª fase da ação da Polícia Federal apura desvios na usina nuclear Angra 3, cuja obra foi retomada na gestão de Othon Pinheiro. “A notícia da prisão entristece. Afinal, ele construiu uma história profissional respeitável ao longo de décadas. O mínimo que se podia esperar é que essa trajetória continuasse até o fim da vida, mas não foi assim”, afirma Claudio Sales, presidente do Acenda Brasil, instituto que atua no setor elétrico há mais de 20 anos.