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‘Motivos que levam à adoção são cruciais na hora da devolução’

Por Nathalia Goulart
21 Maio 2010, 21h57

Entender os motivos que levam muitos pais adotivos a devolverem seus filhos às instituições de origem é o primeiro passo para evitar que essas situações se repitam. A psicanalista e mestre pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), Maria Luiza Ghirardi, que é coordenadora do grupo Acesso – Estudos, Intervenção e Pesquisa em Adoção da Clínica Psicológica do Instituto Sedes Sapientiae -, estuda o assunto há 15 anos. Segundo ela, quando há motivação baseada em sentimento altruísta na hora da adoção, as chances de conflitos são maiores. Confira abaixo a entrevista:

Os motivos que levam à adoção influenciam na hora de decidir pela devolução?

Sim. Quando há uma motivação baseada em um sentimento altruísta, de que estou salvando aquela criança, isso cria dificuldades em impor limites comportamentais e os conflitos dentro de casa se intensificam. Por outro lado, muitas vezes a criança é idealizada pelos adotantes, como aquela que vem para salvar as relações. Isso desencadeia muito facilmente nos pais um sentimento de fracasso, o que faz com que o desejo de devolução se intensifique.

Como é possível identificar os elementos que levam à devolução?

Os profissionais precisam identificar o que está além da fala dos candidatos à adoção. É preciso estar atento e aberto àquilo que possa estar embutido, por trás. Para isso, precisa-se de profissionais capacitados, que possam acompanhar os adotantes por um tempo maior, pois a preparação dos futuros pais é um elemento que pode favorecer uma adoção mais bem-sucedida. O processo adotivo não é melhor nem pior que o processo vivido por uma família biológica, mas tem especificidades que precisam ser aclaradas e refletidas.

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Quando já foi manifestada a vontade de devolver a criança, ainda é possível reverter a situação?

É possível desde que o Judiciário não acolha imediatamente a devolução. É preciso entender a motivação dos adotantes, quais as dificuldades que eles enfrentam e qual a situação da criança dentro daquela família. Fornecer subsídios para que os pais ao menos tentem superar os conflitos pode evitar que a devolução se efetive.

Quando a devolução acontece, os pais sofrem como as crianças?

Sim, eles se sentem extremamente angustiados, frustrados e fracassados. Na maior parte das vezes eles investiram muito para realizar aquela adoção. Já para a criança, a devolução repete uma experiência de rejeição que ela já traz na bagagem. Essa repetição cria uma dificuldade ainda maior para criar vínculos e acreditar que a próxima família não vai abandoná-la mais uma vez. As rejeições consecutivas podem, inclusive, comprometer o futuro afetivos dessas crianças.

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