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Miséria faz moradores do Céu sentirem saudade do lixão

Na favela onde moradores viviam de catar lixo, fim dos despejos acabou também com a única fonte de renda. Aluguel social ainda não chegou

Por Aline Erthal, do Rio de Janeiro
4 jan 2011, 10h47

“Quando tinha uma carne melhorzinha, um resto de comida em uma lata, nós aproveitávamos também. Aprendemos a comer o que tinha”, lembra Gilsara Costa

A janela da casa de Vanda Gomes Félix, 55 anos, fica a poucos metros do lixão do Morro do Céu – favela de Niterói que, assim como o Morro do Bumba, sofreu com a tragédia das chuvas de abril. Ela olha para a montanha de detritos não com nojo ou revolta, mas com saudades. Vanda foi, durante 20 anos, catadora de lixo. Era dali que ela e dezenas de famílias obtinham sua única renda, vendendo plásticos, papeis, metais. “Quando tinha uma carne melhorzinha, um resto de comida em uma lata, nós aproveitávamos também. Aprendemos a comer o que tinha”, lembra Gilsara Costa, outra moradora do local.

A falta de alternativas para quem vivia do lixo faz com que a situação dos moradores do local, que já era inadmissível, evoluísse par algo ainda pior, depois que o depósito foi desativado. Se não chega lixo, não chega também comida à mesa. “O que era pouco virou nada”, resume Gilsara. Os moradores do Morro do Céu estão com fome.

No pé do morro, há uma cooperativa de catadores de lixo que circula por outros pontos da cidade. Mas o pagamento é minguado: 30 reais por semana, 20 a menos do que Vanda costumava tirar quando trabalhava por conta própria. Além disso, não há trabalho para todos.

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A consequência não chega a ser surpreendente: a criminalidade no Morro do Céu aumenta na mesma medida em que cresce o desespero. “Sem dinheiro e sem comida, o pessoal está se envolvendo com drogas, roubos e tudo o que tem de pior. Aqui nunca esteve tão violento”, relata Roseleia Silva Santos, cozinheira.

Como no Bumba, no Céu sobram famílias morando em áreas de risco. No local onde ocorreu o maior deslizamento, uma fileira de casas parece prestes a despencar barranco abaixo. Ali, ninguém recebeu aluguel social.”A Defesa Civil nem passou por aqui. Nós chamamos, mas ninguém nos atendeu”, diz a moradora de uma das casas, Raquel dos Santos, embalando o filho de três meses.

A prefeitura de Niterói informa que 4.000 famílias ainda não receberam o aluguel social, e que o pagamento só poderá ser feito quando for firmado um novo convênio com o governo do Estado.

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