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Mensalão: réus tentam emplacar tese de caixa dois para minimizar crimes

Objetivo dos réus é tentar evitar condenações por crimes maiores, que podem até levá-los à prisão

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 30 jul 2012, 10h27

Às vésperas do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), os principais réus do maior escândalo político do governo Lula tentam repisar a tese de que o intrincado esquema de corrupção se resume à utilização de recursos de caixa dois de campanha.

A cantilena dos réus de que eram apenas “recursos não-contabilizados” de campanhas tem o objetivo de tentar minimizar condenações por crimes maiores, cujas penas são mais duras, como lavagem de dinheiro, peculato e formação de quadrilha. Na prática, é uma tentativa de reduzir todo o esquema a um desvio eleitoral, já que a legislação brasileira é branda com o crime de caixa dois. Prevê apenas que, se for comprovado, o político tem o registro de candidatura negado ou, se eleito, passa a responder a processo de cassação. Dos 38 réus da ação penal, apenas três têm mandatos. E não há registros de políticos que tenham perdido o cargo, em última instância, pelo crime de caixa dois.

No entanto, ainda que a cúpula do PT e os beneficiários do que ficou conhecido como “valerioduto”, em alusão ao nome de Marcos Valério, o operador do mensalão, afirmem que tudo não passou de dinheiro recebido “por fora”, o STF tomará decisões a partir da denúncia elaborada pela Procuradoria-Geral da República. Redigida pelo então procurador-geral Antonio Fernando de Souza, a denúncia é assertiva ao afirmar que “Marcos Valério e seu grupo evoluíram, a partir do início de 2003, em conluio com José Dirceu, Delúbio Soares, José Genoino, Silvio Pereira e outros para a compra de apoio político de parlamentares”.

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O escândalo do mensalão, que ameaçou a continuidade do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também foi investigado por duas CPIs (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Congresso Nacional. A mais notória delas, batizada de CPI dos Correios – o órgão estatal foi embrião da crise – rastreou o caminho do dinheiro distribuído aos mensaleiros. O dinheiro do mensalão passava pelas agências de publicidade de Marcos Valério, sem a obrigatoriedade de prestação de serviços. Segundo denúncias, as cifras chegavam aos parlamentares em malas ou por meio de saques na boca do caixa do Banco Rural.

“É reduzir-se em demasia a inteligência dos brasileiros imaginar que será bastante dizer que os milhões não foram distribuídos a parlamentares, mas sim corresponderiam a caixa dois de campanhas”, concluiu o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), relator da CPI dos Correios.

Conforme o próprio Serraglio, a tese de que o mensalão seria mero crime eleitoral só foi cunhada meses depois do estouro do escândalo. “Já então de forma orquestrada”, conclui o parlamentar no relatório final da CPI.

No auge da crise política, o então presidente Lula também tentou minimizar a atuação petista no mensalão e afirmou que o caixa dois era uma prática sistêmica no país. Em suas palavras, “do ponto de vista eleitoral, é o que é feito no Brasil sistematicamente”.

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