Marta aceita gravar para Haddad, mas sem Maluf
Senadora também não pretende gastar sola de sapato para ajudar o petista
A senadora Marta Suplicy (PT-SP) concordará em gravar mensagem de apoio ao candidato do PT à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, no horário eleitoral, mas não quer aparecer em nenhum ato ao lado do deputado Paulo Maluf (PP), que aderiu à campanha petista. A decisão de Marta será comunicada nesta segunda-feira ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com quem ela vai almoçar.
Na semana passada, a presidente Dilma Rousseff fez um apelo à senadora para que ela ajudasse Haddad. Nas duas conversas mantidas no Palácio do Planalto, Dilma pediu a Marta que apresentasse o ex-ministro da Educação aos eleitores de São Paulo, principalmente na zona leste, onde ele vem perdendo votos para Celso Russomanno (PRB).
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Desde que foi obrigada por Lula e Dilma a desistir da candidatura para o lançamento de Haddad, no ano passado, a senadora tem se recusado a entrar na campanha do PT. Agora, Marta cederá aos apelos de Lula, mas com algumas condições. Não quer, por exemplo, ver Maluf por perto, embora o deputado também tenha apoiado sua frustrada tentativa de reeleição, no segundo turno da campanha de 2004, quando ela perdeu a prefeitura para José Serra, do PSDB.
“Eu pensava que teria pesadelos com o (prefeito Gilberto) Kassab. Imagine agora com o Maluf”, disse a senadora, em junho, quando o PT fechou aliança com o deputado do PP, que é acusado de lavagem de dinheiro e tem o nome no alerta vermelho da Interpol (Polícia Internacional).
Lula foi à casa de Maluf, naquele mês, e tirou votos com o deputado no dia em que ele anunciou o apoio a Haddad. A estratégia deu errado e, depois disso, o candidato do PT caiu nas pesquisas de intenção de voto. O ex-presidente até hoje atribui o que os petistas chamam de “tiro no pé” a integrantes do Diretório Municipal do PT e ao próprio candidato, que o teriam convencido da necessidade de posar ao lado de Maluf.
Além de se recusar a aparecer junto de Maluf, Marta não pretende gastar sola de sapato por Haddad. Ela irá a um ou outro compromisso da campanha e subirá no palanque do ex-ministro, mas não com a frequência que desejam os petistas.
Em março, Marta disse ao jornal O Estado de S. Paulo que Haddad precisava “gastar sola de sapato” para sair do anonimato. Recomendou, ainda, que ele prestasse atenção nas alianças. “O restante é conhecer os problemas da cidade e conquistar a militância. Ninguém pode substituir nem fazer isso pelo candidato”, afirmou a senadora, à época.
(Com Agência Estado)