Madrasta queria se livrar de Bernardo, diz testemunha
Amiga de Graciele Ugulini disse em depoimento à Justiça que ela já havia decidido desaparecer com o garoto dois meses antes do crime
Sandra Beatriz Cavalheiro, amiga da madrasta do menino Bernardo Boldrini, morto em abril no Rio Grande do Sul, afirmou em depoimento à Justiça que o casal estava decidido a “se livrar” do garoto e que isso teria acontecido antes se eles “tivessem um sítio com um poço”. Segundo a testemunha, as declarações foram feitas durante uma visita de Gracieli Ugulini, madrasta do menino, à sua casa dois meses antes do crime. Sandra foi ouvida em audiência no Foro da Comarca da cidade de Coronel Bicaco (RS) nesta quarta-feira.
Em depoimento de mais de uma hora, a mulher relatou ao juiz Ruggiero Rascovetzki Saciloto os desabafos feitos pela madrasta sobre as brigas que ocorriam em casa: citou as ameaças do enteado empunhando uma faca contra o pai e disse que tinha medo de deixar a filha, de 1 ano, sozinha com Bernardo. A audiência foi acompanhada por promotores do Ministério Público do Rio Grande do Sul e pelos advogados de defesa dos réus.
Sandra disse que não informou a polícia sobre a situação porque pensou que Graciele estava falando da “boca para fora”. A madrasta ainda comentou com ela que os psicólogos haviam desistido do menino.
Além dela, foram ouvidas mais cinco testemunhas até agora. Na próxima semana, mais oito testemunhas de acusação devem ser ouvidas. Ao todo, 77 pessoas foram convocadas a prestar depoimento à Justiça, 25 apresentadas pelo Ministério Público e 52 pela defesa dos quatro réus – o médico Leandro Boldrini, pai de Bernardo, a madrasta Graciele Ugulini, ambos apontados como mentor e executora do crime; e a assistente social Edelvânia Wirganovicz e seu irmão, Evandro Wirganovicz, suspeitos de ajudar a madrasta a se livrar do corpo. O garoto foi encontrado enterrado em um saco plástico às margens de um rio em Frederico Westiphalen, no interior gaúcho, no dia 14 de abril deste ano.
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