Justiça solta um dos maiores traficantes de São Paulo
Capuava havia sido preso pelo Denarc na manhã do último dia 17, numa mansão que servia de central de refino e distribuição de cocaína do PCC no estado, com mais de 1,6 tonelada. Ele poderá responder em liberdade
Na manhã de 17 de julho passado, o Departamento de Narcóticos (Denarc) de São Paulo fechou com chave de ouro um trabalho de quatro meses de investigações. Dentro de uma casa na zona rural de Santa Isabel, cidade a 60 quilômetros da capital, os agentes fizeram a maior apreensão de drogas no país em 2015. Foi encontrada 1,6 tonelada de cocaína pura – quantia avaliada em mais de 20 milhões de reais – e mais 900 quilos de produtos que seriam usados para a mistura da droga. No local, uma espécie de central de refino e abastecimento de todo o Estado, ele prenderam cinco homens, entre eles o líder dessa distribuição: Welinton Xavier dos Santos, o Capuava, de 50 anos. Três semanas se passaram e, na última quarta-feira, o criminoso ganhou o direito de voltar às ruas, beneficiado por um habeas-corpus concedido pelo desembargador Otavio Henrique de Sousa Lima, do Tribunal de Justiça de São Paulo, que autorizou o criminoso a responder às acusações em liberdade.
A decisão da Justiça, revelada hoje pelo jornal O Estado de São Paulo, indica que as provas apresentadas pela Polícia Civil não eram suficientes para mantê-lo preso preventivamente. “Constata-se fragilidade do seu envolvimento nos crimes descritos, situação que aponta para a desnecessidade da mantença da sua custódia antecipada”, escreveu o magistrado em seu despacho. Os outros quatro traficantes presos naquela ação do mês passado – que trabalhavam na segurança e no refino da cocaína – não ganharam o benefício e continuam presos. Agora, os desembargadores da 9ª Câmara Criminal vão julgar o mérito do habeas corpus, mas uma data ainda não foi marcada.
A operação do Denarc havia revelado um pouco da sofisticação do Primeiro Comando da Capital (PCC) na distribuição de drogas para todas as regiões de São Paulo. A casa onde a quadrilha foi presa, avaliada em 1,5 milhão de reais, havia sido preparada para este refino de cocaína. Lá havia lâmpadas especiais e 30 fornos microondas para a mistura da droga. Os agentes constataram também o poderio bélico do bando, apreendendo uma pistola, quatro fuzis e uma metralhadora ponto 50, que para se ter uma ideia, jamais foi apreendida no conflagrado Rio de Janeiro. Capaz de derrubar helicópteros e furar blindagens mais resistentes, esta metralhadora é muito utilizada em assaltos a carros-forte, como o realizado na manhã de sexta-feira (7), na rodovia que liga as cidades de Mococa e Cajuru. No ataque, um tiro furou o veículo que transportava 1 milhão de reais e matou um dos vigilantes. Além do dinheiro roubado, os criminosos renderam um comboio da Secretaria de Administração Penitenciária e libertou 37 presos que estavam sendo transportados (até aqui, 21 foram recapturados).
(Com Estadão Conteúdo)