Investigação aponta que Marinho usou conta secreta na compra de casa
Conselheiro do TCE é investigado por envolvimento no esquema que fraudou licitações de trens e metrô em São Paulo
Investigadores suíços acreditam que o conselheiro do Tribunal de Contas de São Paulo Robson Marinho tenha usado dinheiro de conta secreta no país europeu para comprar a casa em que mora em São Paulo. As informações são de reportagem desta segunda-feira do jornal Folha de S. Paulo. Marinho é investigado por envolvimento no esquema que fraudou licitações de trens e metrô em São Paulo.
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De acordo com o jornal, autoridades da Suíça informaram ao Ministério da Justiça e ao Ministério Público de São Paulo que dados bancários apontam um repasse de 1,1 milhão de dólares de conta atribuída a Marinho para uma conta nos Estados Unidos, justamente no dia em que o conselheiro do TCE assinou o contrato de compra do imóvel. Investigadores no Brasil e na Suíça creem que o dinheiro tenha sido repassado ao vendedor da casa.
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Ainda segundo a publicação, investigações suíças indicam que a transferência do dinheiro foi feita em 23 de setembro de 1998, da conta da Higgins Finance Limited, empresa controlada por Marinho e registrada em um paraíso fiscal, para uma conta na Suíça do banco Coutts. Segundo autoridades suíças, a conta pode ser vinculada a outra, controlada nos EUA por Ademar Lins de Albuquerque, que vendeu a casa para Marinho. Procurado pela Folha, o advogado do conselheiro do TCE afirma que não vai se manifestar porque as provas contra seu cliente são ilícitas.
Marinho exerce a função de conselheiro do TCE desde 1997 – está afastado do cargo desde 4 de junho. Ele também é ex-chefe da Casa Civil do governo Mário Covas (PSDB), e já foi alvo de duas investigações: uma criminal, pelo Superior Tribunal de Justiça, e outra por improbidade administrativa, pelo Ministério Público de São Paulo. Em ambas, Marinho é suspeito de receber propina da empresa Alstom para beneficiar a multinacional.
Ex-diretores da Alstom confirmaram a autoridades europeias que pagaram propina a agentes públicos no Brasil para que fosse aprovada a extensão contratual, o que ocorreu em 1998. Um dos executivos, Michel Cabane, declarou que Marinho foi o destinatário de propinas.
A investigação do caso Alstom começou em 2008. Há mais de sessenta inquéritos abertos. Ela também foi incrementada a partir da revelação, no ano passado, de um suposto cartel de empresas integrado por Alstom e Siemens no sistema metroferroviário de São Paulo.