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Gráfica ligada ao PT girou R$ 67 milhões em 5 anos, aponta PF

A Atitude caiu no radar da PF após delação do empresário Augusto Ribeiro de Mendonça, que declarou que a empresa era usada para receber propinas para o partido

Por Da Redação
22 jul 2015, 08h10

Relatório de Inteligência Financeira da Operação Lava Jato mostra que a Editora Gráfica Atitude, sob suspeita de ter sido usada para captar propinas para o PT, movimentou 67,7 milhões de reais entre junho de 2010 e abril de 2015.

A gráfica, controlada pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo – entidade ligada ao PT -, é alvo de uma investigação da Polícia Federal que atribuiu ao ex-tesoureiro petista João Vaccari Neto os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro do esquema Petrobrás.

O Relatório de Inteligência foi produzido pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e anexado aos autos da Lava Jato na última segunda-feira. O documento integra o dossiê de indiciamento do empresário Marcelo Bahia Odebrecht, presidente da maior empreiteira do país, a quem a Polícia Federal imputa os mesmos crimes de Vaccari e também organização criminosa e crime contra a ordem econômica.

Os investigadores suspeitam que existam relações da Odebrecht com a Gráfica Atitude. Um dos fatos registrados no relatório do delegado Eduardo Mauat da Silva é um jantar organizado pelo empreiteiro em sua residência, em 2012, a pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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Despertou a atenção dos investigadores da Lava Jato, o fato de que entre empresários e banqueiros foram convidados dois sindicalistas, administradores da gráfica – Juvandia Morandia Leite, presidente do Sindicato dos Bancários, e Sérgio Aparecido Nobre, do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, reduto sindical que celebrizou Lula nos anos 70.

Inteligência – A devassa nas contas da Atitude revela que entre agosto e 2008 e janeiro de 2010 a empresa Observatório Brasileiro de Mídia – da qual Juvandia consta como presidente – recebeu 833.000 reais da gráfica, por meio de quarenta operações bancárias.

O documento revelou ainda que 17,95 milhões de reais foram depositados em espécie na conta da Editora Gráfica Atitude, por meio de 137 operações, entre dezembro de 2007 e março de 2015, pelo Sindicato dos Bancários.

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A Atitude caiu no radar da PF desde que o empresário Augusto Ribeiro de Mendonça, um dos delatores da Lava Jato, declarou que em 2010 o então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto – preso desde abril de 2015 sob acusação de corrupção e lavagem de dinheiro -, pediu a ele que “doasse” 2,4 milhões de reais para o PT por meio de depósito em conta da gráfica.

Segundo Mendonça, um contrato assinado entre uma empresa dele, a Setec, com a Gráfica Atitude estipulou o repasse de 1,2 milhão de reais, em pagamentos mensais de 100.000 reais.

Quebra de sigilo bancário da gráfica ligada ao PT apontou a existência de depósitos que totalizaram 2,25 milhões de reais, entre 2010 e 2013 nas contas da Gráfica Atitude, oriundos de três empresas controladas pelo delator, Projetec Projetos e Tecnologia, Tipuana Participações e SOG Óleo e Gás.

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A análise das movimentações bancárias encampa o período em que as empresas de Mendonça fizeram repasses ao PT via gráfica, a pedido de Vaccari. O ex-tesoureiro do partido foi um dos dirigentes do sindicato dos bancários.

Segundo o documento de inteligência financeira, os débitos, entre 2010 e 2015, totalizaram 33,88 milhões de reais, dos quais 8,31 milhões de reais por meio de 1.861 TEDs, DOCs e transferências entre contas, 7,3 milhões de reais constando como pagamentos diversos, 7,09 milhões de reais para quitar 1.257 depósitos e 5,85 milhões de reais pagos pela compensação de 1.592 cheques.

Defesas – A assessoria de Juvandia Moreira Leite, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, não retornou contatos da reportagem.

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O criminalista Luiz Flávio Borges D’Urso tem reiterado taxativamente que o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto jamais pediu propinas.

O PT afirma que todas as doações que recebeu tiveram origem lícita e foram declaradas à Justiça eleitoral.

A Odebrecht sustenta que não participou do cartel de empreiteiras na Petrobras e que nunca pagou propinas.

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Quando teve seu nome citado por Augusto de Mendonça, a gráfica Atitude, por meio de seu coordenador de planejamento editorial, Paulo Salvador, afirmou que nunca tratou de patrocínios para a empresa do lobista com o tesoureiro do PT João Vaccari Neto. Salvador, contudo, evitou responder ao ser questionado sobre a delação do executivo, que afirmou ter depositado valores na conta da gráfica a pedido de Vaccari. “Não recebemos nenhuma demanda da Justiça ainda.”

Na ocasião, ele afirmou que a Atitude não pertence ao PT ou à CUT, mas possui uma “afinidade política” com a sigla nos temas que aborda em suas publicações.

Leia também:

​MP denuncia Vaccari e Duque por lavagem de R$ 2,4 milhões

(Com Estadão Conteúdo)

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