Kassab vistoriou Aricanduva dez dias antes da enchente
Na ocasião, prefeito celebrou 'grande evolução'. Nesta sexta, uma pessoa morreu e duas ficaram feridas
Nesta sexta-feira, dez dias após o prefeito Gilberto Kassab vistoriar a limpeza do córrego Aricanduva e elogiar sua manutenção, um violento temporal precipitou em apenas duas horas o equivalente a 28% de toda a chuva esperada para a região em janeiro e provocou uma enchente que deixou os motoristas ilhados sobre os capôs dos carros. Perto dali, no Jardim Tietê, uma pessoa morreu e duas ficaram feridas por conta do desmoronamento de um depósito. A Prefeitura de São Paulo atribuiu o transbordamento do Aricanduva ao excesso de chuva.
Kassab visitou a região no fim do ano passado para conferir a limpeza do córrego. Foram retiradas 43 mil toneladas de material, sendo que 40 mil toneladas ficaram nas margens do córrego, para secagem. Na ocasião, o prefeito comemorou: “A nova forma de manutenção de drenagem e os investimentos em obras aqui na bacia do Aricanduva apontaram uma grande evolução, já que não houve nenhum transbordamento nesses pontos.” Em nota, a Prefeitura informa que investiu, desde 2007, R$ 132 milhões em obras para alargamento e aprofundamento da calha. Nas redondezas, há seis reservatórios de água da chuva, os piscinões. Outros dois estão em obras e quatro, em projeto.
O temporal teve reflexos diretos sobre o trânsito: às 19h30, São Paulo tinha 124 quilômetros de congestionamentos. Às 20h40, com o fim da chuva, o congestionamento caiu para 55 quilômetros. Segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE), da Prefeitura, a cidade ainda tinha 13 pontos de alagamento, 8 deles intransitáveis.
A Defesa Civil chegou a colocar toda a cidade em estado de atenção às 19 horas. A zona leste foi classificada como em estado de alerta, um nível mais grave que “atenção”. Por volta das 21 horas, a cidade voltou ao estado de observação. A escala usada pelo órgão passa por observação (condições normais), atenção (possibilidade de alagamentos), alerta (transbordamento de rios e córregos) e alerta máximo (estado de calamidade pública).
Trânsito – Os trechos com trânsito mais complicado são a Marginal Pinheiros, da Ponte do Jaguaré até a Ponte do Morumbi sentido Interlagos; a avenida Tiradentes e 23 de Maio até a região do Ibirapuera; e a ligação Leste-Oeste sentido bairro, por causa dos diversos pontos de alagamento na região.
Os pontos de alagamento, na zona leste, estão na Avenida Celso Garcia, sentido bairro, próximo ao cruzamento com a Avenida Salim Farah Maluf; Avenida Alcantara Machado, sentido bairro, no cruzamento com a Avenida Alvaro Ramos; Avenida Professor Luiz Ignácio de Anhaia Mello, sentido Sapopemba, com a Avenida Salim Farah Maluf.
Na zona sul, os pontos estão na Avenida Ibirapuera, com a Alameda Jamaris, sentido bairro; Avenida Brasil, com a Rua Engenheiro Alcides Barbosa, sentido Pinheiros; Alameda Jamaris, com a Avenida Ibirapuera. Na zona oeste, segundo a CET, existe alagamento na Avenida Sumaré, com a Rua Turiaçu, sentido Sumaré; Avenida Sumaré, com a praça Marrey Junior, sentido Sumaré.
Estradas – As chuvas provocaram estragos também no interior do estado. A rodovia Francisco José Ayub (SP-264), na região de Sorocaba, teve de ser bloqueada nos dois sentidos na altura do quilometros 132, entre Salto de Pirapora e Pilar do Sul. Técnicos do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) estão no local para iniciar os reparos, mas não há previsão de liberação da pista. O trânsito foi desviado para outras estradas, pelos municípios de Piedade (SP-79) e Sarapuí (SP-270).
A rodovia Marechal Rondon (SP-300) está parcialmente interditada no quilometro 159, sentido oeste, onde as chuvas causaram a queda de um aterro. Uma parte da pista cedeu e o trânsito, entre as cidades de Jumirim e Tietê, está sendo desviado para o acostamento. A Polícia Rodoviária Estadual orienta os motoristas de carretas a desviarem pela Rodovia Castello Branco (SP-280). De acordo com a concessionária Rodovias do Tietê, os reparos já foram iniciados. O mau tempo causa lentidão na Rodovia Régis Bittencourt, que tem um ponto de alagamento, uma faixa e o acostamento bloqueados entre os quilômetros 280,5 ao 283,5, em Embu das Artes.
Congonhas – A tempestade também prejudicou o movimento no aeroporto de Congonhas, na zona sul da cidade. Segundo a Infraero, às 17h49, a pista foi fechada para pousos e decolagens, e reaberta às 18h15.