Deputado de primeiro mandato, Fausto Pinato (PRB-SP) recebeu apenas 22.000 votos e só conseguiu uma vaga na Câmara puxado pelo correligionário Celso Russomano. Empossado, atravessou 2015 praticamente anônimo, até esta terça-feira, quando começou a experimentar uma súbita notoriedade: seu nome foi sorteado como um dos três possíveis relatores do processo no Conselho de Ética que pode culminar na cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Ele disputa o posto com José Geraldo (PT-PA) e Vinícius Gurgel (PR-AP), mas já aparece como favorito na lista do presidente do conselho, José Carlos Araújo (PSD-BA), a quem cabe, no fim das contas, a definição do relator. Quem torce pela derrocada do presidente da Câmara teme pela escolha: o partido de Pinato nunca escondeu seus laços com o peemedebista. Tendo feito campanha aberta por Cunha durante as eleições para a presidência da Casa, em fevereiro, o PRB teve um de seus caciques escolhidos para a Mesa Diretora, Beto Mansur (SP), 1º secretário da Casa. Também Russomano, primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto para prefeito de São Paulo, é um aliado de primeira hora do peemedebista suspeito de receber milhões em contas na Suíça. A colegas, Pinato narrou que, tão logo seu nome apareceu na urna, foi procurado para um encontro com o presidente da legenda, Marcos Pereira. Virão outros encontros, e a pressão certamente aumentará, caso seja de fato escolhido relator do primeiro processo contra um presidente da Câmara. Resta saber como o novato se comportará: se mantiver o perfil de baixo clero, pode voltar rapidinho para o anonimato. (Marcela Mattos, de Brasília)