Falta de espaço na Câmara ameaça sessão contra Cunha

Plenário da Casa está reservado ao mesmo tempo para a reunião do Conselho de Ética e para audiência da CPI de maus tratos a animais

Por Marcela Mattos SEGUIR SEGUINDO 18 nov 2015, 22h09

Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, durante sessão deliberativa - 27/10/2015 (Valter Campanato/)

Com um argumento ainda inédito no Conselho de Ética, a sessão marcada para esta quinta-feira para analisar o processo de cassação contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pode acabar sendo adiada por um motivo no mínimo curioso: não há espaço para a reunião do colegiado.

Na sessão desta quinta-feira está prevista a votação do parecer do deputado Fausto Pinato (PRB-SP) que aceita a admissibilidade das denúncias contra Cunha e pede a continuidade das investigações contra o presidente da Câmara. O peemedebista é investigado no Supremo Tribunal Federal pelo envolvimento no escândalo da Petrobras.

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Presidente do conselho rebate Cunha e defende relator

Conforme informou o presidente do conselho, deputado José Carlos Araújo (PSD-BA), na noite desta quarta, a liberação do plenário foi solicitada à Câmara há quinze dias, mas não houve confirmação do espaço. Nos registros do site da Casa, o plenário de número nove, onde costumam ser realizadas as sessões do colegiado, está reservado ao mesmo tempo para a realização do Conselho de Ética e da CPI de maus tratos a animais.

“Já estava tudo acertado, mas agora surgiu uma dúvida estranha. Pedimos um plenário há quinze dias e até agora está sem confirmação. Às quintas-feiras, os plenários nunca estão cheios. Vamos ver se todos os plenários estão cheios ou se alguém não quer que o conselho se reúna amanhã. Estou há 16 anos nesta Casa e nunca vi isso”, disse o presidente do Conselho de Ética.

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Questionado sobre uma possível influência de Cunha nessa falta de local, Araújo deu uma resposta diplomática: “Não acredito que o presidente se deu a esse trabalho. Ele tem muita coisa para fazer, não vai botar o dedo nisso”, disse o parlamentar.

Ao site de VEJA, o presidente da CPI de maus tratos confirmou que a sessão está marcada no mesmo local do Conselho de Ética, mas disse que é possível conciliar as duas reuniões. “O que me passaram foi que a minha sessão começaria às 9h30 e a do conselho, 10h30. Falei para o José Carlos que nós iríamos votar um relatório rapidamente e que daria tempo”, disse o deputado Ricardo Izar (PSD-SP), que, inclusive, já foi presidente do Conselho de Ética da Câmara.

Em meios às dúvidas se haverá ou não sessão nesta quinta-feira, membros do conselho preveem uma série de manobras de aliados de Cunha para evitar o andamento do processo que pode levá-lo à cassação. O deputado Paulinho Pereira (SD-SP), aliás, já anunciou que pedirá o adiamento da sessão. Outras possíveis estratégias para barrar o funcionamento do colegiado podem ser aplicadas, como o esvaziamento da sessão ou o início das votações em plenário. A abertura da sessão, agendada por Cunha, está marcada para as 9h.