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Executivos reafirmam ‘bênção’ de Lula a empréstimo fraudulento e contrato bilionário com a Petrobras

Em depoimentos a Sergio Moro, Milton e Fernando Schahin relataram atuações de Bumlai e Vaccari e pagamentos de propina a Cerveró, Musa e Fernando Baiano. Zelada teria pedido 5 milhões de reais em propina

Por Da Redação 20 abr 2016, 20h26

Em depoimentos prestados hoje ao juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato em Curitiba, Milton Schahin, um dos donos do Grupo Schahin, e seu filho, Fernando Schahin, ex-executivo da empresa, relataram ao magistrado como se deu a quitação do empréstimo de 12 milhões de reais concedido pelo Banco Schahin a José Carlos Bumlai. Em prisão domiciliar na Lava Jato, o pecuarista confessou ter destinado o dinheiro ao pagamento de dívidas de campanha do PT. Segundo a Operação Lava Jato apurou, no entanto, parte do valor teve como destino o bolso do empresário Ronan Maria Pinto, preso na 27ª fase da Lava Jato, a Carbono 14, e supostamente envolvido no caso do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel, assassinado em 2002.

Embora ressalte não ser responsável pela parte financeira do grupo, que engloba o banco, Milton Schahin contou a Moro que em 2006, dois anos depois do empréstimo a Bumlai, procurou o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto para pedir apoio político ao interesse da empresa em um contrato de operação de navio-sonda com a Petrobras.

Segundo o empresário, Vaccari foi evasivo em um primeiro momento, mas, depois de consultar petistas, voltou com uma proposta: o partido, padrinho político do diretor da área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, a quem caberia assinar o contrato de 1,6 bilhão de dólares, apoiaria o pleito da Schahin se o acerto com a petrolífera quitasse o empréstimo contraído pelo pecuarista.

Milton Schahin não soube especificar ao magistrado quais petistas avalizaram a proposta de Vaccari, mas seu filho deu a Moro uma pista. Segundo Fernando Schahin, Bumlai o abordou em um evento de um banco internacional, em 2007, e, alegando ter “relações com a Schahin”, perguntou sobre as negociações com a Petrobras pela operação do navio Vitória 10.000. Fernando afirma ter respondido que “estavam em andamento” e, antes de se despedirem, ouvido do pecuarista e grande amigo de Lula que “o presidente está abençoando o negócio”.

A versão de Fernando Schahin confirma a delação premiada de seu tio, Salim Schahin, sócio do grupo a quem cabe a administração do banco. Segundo Salim, “Bumlai chegou a dizer a Fernando que o negócio estava ‘abençoado’ pelo presidente Lula” e “o depoente e seu irmão Milton também receberam de Vaccari a informação de que o presidente estava a par do negócio”. Fernando nega ter participado da operação fraudulenta que compensou o empréstimo com o contrato bilionário.

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Apesar da bênção presidencial e do fim da dívida milionária de Bumlai, os Schahin dizem não ter se livrado de pagamento de propinas a diretores da Petrobras e operadores do petrolão. Milton Schahin contou a Moro ter sido procurado em 2006 pelo lobista Jorge Luz, ligado a peemedebistas graúdos, que o teria alertado de que, sem pagar propina a Cerveró, ao então gerente Eduardo Musa e ao lobista Fernando Baiano, a empresa enfrentaria dificuldades para fechar o contrato bilionário de operação do navio-sonda.

Com a voz embargada, Milton Schahin garantiu a Moro “nunca ter dado prejuízo à Petrobras”, mas reconheceu ter pago 2,5 milhões de dólares em propinas no exterior por meio de offshores às empresas Pentagram e DBase, indicadas por Luz para repasses à cúpula da Petrobras.

A cobrança de Zelada – Segundo o empresário, com a Schahin em meio a dificuldades financeiras em 2011, ele buscou um encontro com o sucessor de Cerveró na diretoria Internacional da Petrobras, Jorge Zelada, para renegociar condições de pagamento de leasing à petrolífera.

Recebido no mezanino de um bar no centro do Rio de Janeiro, próximo à sede da estatal, Schahin teria ouvido de Zelada, como condição à negociação, que “eu preciso que você entenda que eu estou trabalhando pelo seu projeto, sempre trabalhei pelo seu projeto, e nunca recebi nada. Agora você vem com esse pedido, não sei se é possível, mas quero dizer que quero 5 milhões de dólares para seguir em frente com o assunto”. Schahin afirma ter negado o pagamento ao diretor da Petrobras, que, preso na Lava Jato, também deporia hoje, mas permaneceu calado diante de Sergio Moro.

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