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Estupro na van: para mãe de Jonathan, crime foi “uma monstruosidade”

Homem preso por violentar turista americana repreendia roupas curtas da irmã e bebia no máximo dois copos de cerveja, segundo a família

Por Pâmela Oliveira, do Rio de Janeiro
2 abr 2013, 13h30

Na calçada, a poucos metros da porta da delegacia do Leblon, uma mulher segurava uma sacola de biscoitos na noite de segunda-feira. Os acusados de estuprar uma turista americana e agredir o namorado, um jovem francês, tinham sido apresentados à imprensa. Em silêncio desde as 17h, quando chegou amparada por uma amiga, Erika, de 36 anos, tinha olheiras profundas e olhos vermelhos. Não dorme desde o sábado. Ela é mãe de Jonathan Souza, 20 anos, um dos presos pelo crime e estuprador confesso, segundo a polícia. Jonathan é o filho mais velho. Para a mãe, o que ele confessa ter feito é “uma monstruosidade, uma covardia”. “Eu nunca vou entender isso. Foi muito difícil. Foi uma decepção muito grande. Se ele tivesse sido preso por ter participado de um assalto, ou se ele tivesse matado uma pessoa, para mim não estaria sendo tão difícil”, disse. Leia trechos da entrevista da mãe do criminoso ao site de VEJA:

O que seu filho falou sobre o crime?

Depois que foi preso, ele chorou, pediu desculpas e admitiu que estuprou a moça. Depois pediu que eu cuidasse da filha dele, que tem um ano e sete meses, e disse que não queria que eu o visitasse na prisão porque não quer que eu passe por isso.

Quando ele contou a senhora já sabia?

Já. Um conhecido me ligou porque leu a notícia na internet. Quando vi que ele tinha admitido o crime, entrei em desespero em casa. Achei que eu ia sofrer um infarto, que hoje estaria morta. Entrei em desespero querendo saber o motivo de ele ter feito isso. A família toda está destruída. A avó, a bisavó dele, de 80 anos, os tios, os irmãos.

Como foi saber que seu filho estuprou uma mulher?

Foi muito difícil. Foi uma decepção muito grande. Se ele tivesse sido preso por ter participado de um assalto, acho que até que se ele tivesse matado uma pessoa, para mim não estaria sendo tão difícil. O estupro foi o que me doeu mais. Ele sempre respeitou todo mundo. Ele tinha muito zelo com a irmã, que tem 13 anos. Reclamava quando ela colocava roupa curta. Na verdade, me ajudou a criar a irmã. Eu não consigo entender.

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A polícia afirma que ele cometia outros crimes.

Estupro é pior porque a pessoa não tem nem como se defender. Acho que é muita monstruosidade. É muito difícil para mim. Muito mesmo. Isso acabou com a minha vida. Eu nunca mais vou ser a mesma.

O que é pior imaginar: ele preso ou violentando uma mulher?

Violentando uma moça é bem pior. Preso, ele está pagando pelo que ele fez. Eu acho que é muita covardia violentar uma mulher. Eu não criei filho para isso. Acho que mãe nenhuma cria filho para ser estuprador, para ser bandido, para ser ladrão. A mãe sempre quer o melhor. A gente teve dificuldades, mas fome eles nunca passaram. Nunca passaram um Natal e um Ano Novo sem uma roupa. Eu sempre trabalhei muito para sustentar os cinco. E, depois, quando ele casou, também não deixou falar nada em casa. Trabalhava com carteira assinada.

O que a senhora tem ouvido das pessoas sobre o crime?

Quando a gente lê uma reportagem sobre estupro, a gente diz que estuprador tem que morrer. Diz que “se fosse contra uma filha minha, eu matava”. Eu já disse isso, já julguei. Agora é meu filho. O que é que eu vou falar? Tenho que me calar. Ele vai ter que pagar pelo que ele fez.

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A senhora perdoa seu filho?

Eu quero tentar entender o que houve. Tentar entender o que fez meu filho fazer isso. Ele errou, eu quero que ele pague pelo que fez. Não vou abandoná-lo. O que eu puder fazer por ele eu vou fazer. Já conversei lá em casa com os irmãos dele e disse que mais do que nunca a gente tem que se unir. Eu vou ser sincera: não que seja bonito roubar, mas sinto mais vergonha pelo estupro. Eu me sinto envergonhada por isso. Não vou entender nunca como isso aconteceu, porque meu filho é uma pessoa boa de coração.

Ele tem envolvimento com drogas ou com bebidas?

Ele sempre foi um filho de dois copinhos de cerveja. Mas de uns dois meses para cá ele estava bebendo muito. Depois que ele se separou e conheceu os dois (Wallace e Carlos Armando, os outros dois presos pelo crime) e uma garota, ele mudou. Não gosto e nunca gostei do Carlos. Já tinha alertado Jonathan sobre essa amizade.

A senhora teme pela vida dele na prisão?

Muito. Eu perguntei se tinha risco de vida dentro de um presídio por ser estupro. Ele me disse que não tem mais isso, e que há anos atrás pintavam e bordavam.

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