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Eleições: projeto de Collor deve fracassar em Maceió

Ronaldo Lessa (PDT), que era apoiado pelo ex-presidente, não conseguiu registro e foi substituído na última hora. Tucano é favorito para vencer pleito

Por Jean-Philip Struck
7 out 2012, 11h06

O aniversário de 20 anos do impeachment deverá marcar também uma dura derrota do senador Fernando Collor de Melo (PTB) em seu Estado, com o fracasso da candidatura de Ronaldo Lessa (PDT) na disputa pela prefeitura de Maceió.

Nas eleições deste ano, Collor tentava fortalecer sua posição no estado para concorrer à reeleição ao Senado em 2014. O plano passava pela eleição de Lessa, que conduziu uma campanha errática e enfrentou desde o início problemas com o registro de sua candidatura – o que confundiu os eleitores e foi explorado pelos adversários.

Finalmente, Lessa teve seu pedido de candidatura negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TRE) na quinta-feira por não pagar uma multa eleitoral no prazo. Com o risco de os votos para Lessa fossem anulados, sua coligação o substituiu na última hora pelo ex-deputado federal Jurandir Boia (PDT).

A tendência é que as eleições em Maceió sejam resolvidas no primeiro turno, coma vitória de Rui Palmeira (PSDB), que liderou as pesquisas ao longo de toda a campanha.

O projeto de Collor para tentar eleger Lessa, seu adversário durante anos em Alagoas, também envolvia o apoio de outras lideranças do estado, como o do senador Renan Calheiros (PMDB), do atual prefeito Cícero Almeida (PSD) e do deputado federal e usineiro João Lyra (PSD). “Os problemas no registro prejudicaram muito a candidatura. Os eleitores não sabiam se o Lessa estava de fato concorrendo”, disse o deputado estadual Ronaldo Medeiros, do PT, um dos partidos que apoiava o candidato.

Para piorar, no meio da campanha, Lessa adoeceu e teve que ser operado em São Paulo por causa de fortes dores de cabeça, o que fez com que o candidato se afastasse por quase uma semana. O próprio Lessa chegou a manifestar no mês passado que seria melhor substituí-lo, mas seus aliados insistiram para que continuasse na disputa. Na sexta-feira, enquanto a candidatura de Lessa afundava por causa da falta de registro, o PMDB de Calheiros, que havia indicado o vice, abandonou a aliança e não deixou que Mosart Amaral assumisse a candidatura de prefeito. Ele até mesmo abandonou a candidatura a vice.

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Na sexta, nenhum dos ‘padrinhos’ de Lessa apareceu ao seu lado enquanto eram anunciadas as mudanças na chapa.

Vilela – A derrota de Lessa e a vitória de Palmeira devem fortalecer ainda mais o atual governador de Alagoas, o tucano Teotônio Vilela. Vilela já manifestou interesse em concorrer ao Senado em 2014, quando deixar o governo – ele não pode mais se reeleger. Seu adversário para a única vaga em disputa será justamente Collor.

Em 2006, quando disputou o Senado, o ex-presidente ficou em segundo lugar na capital, recebendo apenas 124.000 votos, cerca de 20% da votação total que o elegeu. Com um adversário de maior peso e apenas uma vaga em disputa, os votos da capital serão fundamentais.

Lessa foi prefeito de Maceió e nos anos 90, eleito com uma plataforma anti-Collor na esteira do impeachment em 1992, mas passou para o lado do ex-presidente em 2010, quando contou com seu apoio no segundo turno das eleições para governador. O ex-prefeito acabou perdendo essa eleição para Vilela, mas a aliança Collor-Lessa continuou.

Segundo aliados, a proximidade com Collor não foi positiva para Lessa. Collor até deu as caras em eventos públicos com Lessa, mas esteve quase totalmente ausente da propaganda eleitoral. O mesmo aconteceu com Renan Calheiros. “Para cada voto que ele consegue com os mais humildes, a gente perde um com o pessoal das classes A e B”, disse um assessor, citando a imagem negativa que o ex-presidente tem na capital.

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Lessa foi cobrado por adversários em debates sobre a aliança. “Não me envergonho do apoio deles. Vou precisar dos dois senadores para trazer dinheiro para Alagoas”, disse, na TV.

Interior – Se as coisas vão mal na capital, Collor pelo menos ainda conserva sua influência na segunda maior cidade do estado. Em Arapiraca, a candidatura da deputada federal Célia Rocha (PTB), apoiada pelo senador, parece ter vingado, e é favorita para vencer o pleito neste domingo.

Mas em outras cidades do sertão alagoano, onde Collor levou mais de 80% dos votos que o elegeram para o Senado em 2006, o cenário desfavorável da capital parece se repetir para o ex-presidente. Em Palmeira dos Índios, a terceira maior cidade de Alagoas, com mais de 70.000 habitantes, o candidato apoiado por ele, Petrúcio Barbosa (PTB), não conseguiu até agora o registro da candidatura.

Na pequena Atalaia, sede de usinas sucroalcooleiras, o ex-presidente apoia a candidatura candidato Manoel da Silva Oliveira, do PTB, que está atrás de Zé do Pedrinho (PSD). O vice de Pedrinho é Fernando Collor Lyra, de 28 anos. Ele é filho de Pedro Collor, o irmão do ex-presidente, que ajudou a derrubar a “República de Alagoas” ao revelar em uma histórica entrevista a VEJA, em 1992, a corrupção do então governo Collor.

Pedro morreu em 1994, quando Fernando Lyra tinha 10 anos. A mãe do candidato, Thereza, tem aparecido com frequência na campanha do filho pedindo votos em comícios. A candidatura do vice Fernando Lyra é patrocinada pelo avô, João Lyra, que está do mesmo lado do senador Fernando Collor em Maceió, mas não em Atalaia.

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