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Dilma evita festas do 1º de Maio e usa palanque da TV

Presidente não compareceu às comemorações do 1º de Maio das centrais sindicais, mas usou a cadeia de rádio e TV para responder a adversários

Por Gabriel Castro, de Brasília
1 Maio 2013, 21h02

A presidente Dilma Rousseff se furtou a aparecer em qualquer um dos grandes palanques montados pelas centrais sindicais no Dia do Trabalho, mas usou uma plataforma ainda mais eficiente para fazer discurso eleitoral neste 1º. de Maio. Seu discurso de doze minutos abordou o tema natural para o dia – as conquistas do trabalhador e números que a administração petista têm para alardear na questão do emprego – mas também acrescentou de contrabando em sua fala o tema da inflação, que se tornou um dos calcanhares de Aquiles de sua gestão e vem sendo explorado pelos seus potenciais adversários nas urnas em 2014.

Após prometer “seguir na rota do crescimento com estabilidade”, distribuir renda e reduzir impostos, Dilma mandou seu recado: “É mais do que óbvio que um governo que age assim e uma presidente que pensa desta maneira não vão descuidar nunca do controle da inflação. Esta é uma luta constante, imutável e permanente. Não abandonaremos jamais os pilares da nossa política econômica, que têm por base o crescimento sustentado e a estabilidade”, disse.

Este foi o terceiro pronunciamento de Dilma neste ano em cadeia de rádio e televisão, recurso que seus futuros adversários não têm acesso. No dia 23 de janeiro, ela anunciou a redução da tarifa de energia elétrica, e no dia 8 de março falou da desoneração da cesta básica. Em comum, as três aparições tiveram forte caráter eleitoral.

Nas últimas semanas, críticas à condução da política econômica, rigor fiscal e aumento da inflação pontuaram os discursos dos prováveis rivais de Dilma nas urnas no ano que vem, o senador mineiro Aécio Neves (PSDB) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB).

Nesta quarta-feira, a inflação foi o tema escolhido por Aécio Neves na comemoração ao Dia do Trabalho da Força Sindical, em São Paulo. “A maior das conquistas dos brasileiros está sendo colocada hoje em risco pela leniência do governo do PT com a inflação”, disse o tucano.

Aécio repetiu seu discurso crítico à condução econômica do governo, cobrou uma política fiscal “mais firme” e disse que o PT promoveu a “flexibilização dos pilares macroeconômicos” conquistados pela gestão de Fernando Henrique Cardoso. “Em razão disso, o governo vem perdendo credibilidade”, afirmou. O tucano disse ainda que a presidente Dilma promove um “intervencionismo absurdo” e “afugenta os investimentos”.

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Educação – Dilma iniciou sua fala anunciando ter enviado ao Congresso Nacional uma nova proposta que estabelece a destinação de 100% dos royalties do petróleo para a educação. Já havia uma medida provisória com esse teor no Legislativo, mas, sem consenso, o texto deve perder a validade sem ser aprovado.

“Peço a vocês que incentivem o seu deputado e o seu senador para que eles apoiem esta iniciativa”, afirmou a presidente.

Dilma gastou boa parte do tempo tratando da educação – embora não tenha feito outros anúncios concretos. Novamente, a presidente voltou a alardear números do ProUni e de bolsas universitárias, mas esqueceu de admitir que os dez anos de governo petista falharam em promover a revolução educacional que realmente fará diferença para o futuro do Brasil, ou seja, aquela que melhora o ensino de base. O país contabiliza hoje 3,6 milhões de crianças e jovens fora da escola e o ensino médio registra alguns dos piores indicadores da educação, com as piores notas do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e abandono escolar.

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Emprego: A presidente também repisou o discurso de que a década de governo do PT registrou a mais baixa taxa de desemprego no país – foram quase 20 milhões empregos criados até o final 2012.

“O Brasil passou a ser mais Brasil quando o brado por mais emprego, mais salário e mais comida deixou de ser um grito solitário dos trabalhadores para ser a voz e o compromisso de toda uma nação. É por isso que nós, brasileiros, estamos tendo, nos últimos anos, a alegria de comemorar o 1º de Maio com recordes sucessivos no emprego, na valorização do salário e nas conquistas sociais dos trabalhadores”, disse.

A confortável situação do mercado de trabalho tem dois componentes primordiais: o gasto público e o consumo. O governo aumenta seus gastos para estimular a economia, resultando na criação de postos de trabalho. A massa salarial recém-criada exerce seu poder de compra e faz girar a roda do capitalismo, criando uma espiral de otimismo e crescimento econômico – como vinha acontecendo até o início de 2011. Num mundo ideal, essa dinâmica seria acompanhada por investimentos pesados em educação e inovação, além da abertura de mercado para estimular a concorrência e melhorar, assim, a produtividade dos setores econômicos. E justamente nesta segunda etapa mora o erro do governo petista: a inovação foi relegada ao último plano ao longo da era Lula, e o protecionismo da indústria é a regra básica do governo Dilma. Assim, o emprego cresce estimulado pelo consumo, a demanda aumenta num ritmo acelerado acentuando desequilíbrios de preço – e a inflação encontra aí sua morada.

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