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CPI recebe inquéritos sobre Cachoeira

Embora já tenha sido divulgado na internet, material será mantido em sigilo pelo presidente da comissão. Plano de trabalho será apresentado nesta quarta; data para ouvir Cachoeira divide governo e oposição

Por Gabriel Castro
2 Maio 2012, 11h26

A CPI do Cachoeira recebeu nesta quarta-feira a cópia dos inquéritos do Supremo Tribunal Federal (STF) que investigam a atuação da quadrilha do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O material é resultado de duas operações da Polícia Federal: Vegas e Monte Carlo, que desmontaram a quadrilha de Cachoeira. Os documentos foram encaminhados apenas em mídia eletrônica, por opção do Congresso. O presidente da CPI, senador Vital do Rêgo Filho (PMDB-PB), e o relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), guardaram o material em uma sala-cofre logo após o recebimento. Ao todo, são nove volumes: um para cada inquérito e mais sete anexos.

O senador Vital do Rêgo disse que o material recebido será conferido com aquele que já vazou na internet. Segundo ele, mesmo aquilo que foi divulgado será mantido sob um rigoroso sigilo, com o apoio do setor de tecnologia do Senado. “O Prodasen [Secretaria Especial de Informática do Senado] e toda uma equipe de profissionais de tecnologia está estudando mecanismos para evitar que nós sejamos constrangidos com algum tipo de vazamento”, afirmou o peemedebista.

Os documentos serão também compartilhados com o Conselho de Ética do Senado e a Comissão de Sindicância da Câmara, que analisam processos por quebra de decoro contra parlamentares ligados ao grupo de Cachoeira.

Nesta quarta-feira, o relator Odair Cunha deve apresentar à CPI seu plano de trabalho. A partir daí, a comissão deve iniciar efetivamente as investigações. Um dos principais pontos de discordância diz respeito à data em que os parlamentares irão ouvir o depoimento de Carlinhos Cachoeira. A oposição exige que o contraventor seja ouvido já no início dos trabalhos. Boa parte dos governistas alega que é preciso reunir primeiro outras informações sobre o esquema.

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Reunião – Os trabalhos da comissão começam oficialmente nesta quarta. A primeira reunião de trabalho está marcada para ter início às 14 horas. Por trás da apuração dos tentáculos do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e de seu envolvimento com políticos proeminentes e agentes públicos está o embate entre governo e oposição – ambos com integrantes, de alguma maneira, sob suspeita de envolvimento com o bicheiro.

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Enquanto o governo quer ouvir o senador goiano Demóstenes Torres (sem partido), a oposição espera convocar os governadores do Rio de Janeiro e Distrito Federal, Sérgio Cabral (PMDB) e Agnelo Queiroz (PT).

O PT articula para envolver o maior número de nomes oposicionistas possível. Para isso, defende a convocação do governador de Goiás, o tucano Marconi Perilo, sob o argumento de que as gravações feitas pela PF revelaram as ligações dele com Cachoeira.

Braço da máfia – A construtora Delta, empreiteira com maior número de obras no PAC, também estará no centro das investigações. Na semana passada, Fernando Cavendish se afastou do comando da empresa. O ex-diretor da Delta para o Centro-Oeste, Cláudio Abreu, foi preso em Goiânia na semana passada. Segundo a polícia, ele era incumbido de tocar o braço da máfia de Cachoeira que se especializara em fazer contratos com governo. Abreu aparece em diálogos-chave do caso. Consta de uma conversa sua com Cachoeira a referência a um depósito de 1 milhão de reais para Demóstenes Torres (ex-DEM-GO). Foi com base nesse grampo que a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a quebra do sigilo bancário do senador.

É também Cláudio Abreu quem telefona a Cachoeira para dizer que iria “amarrar os bigodes” com os dois mais poderosos secretários do governador petista Agnelo Queiroz, Paulo Tadeu e Rafael Barbosa, em encontro em Brasília. “Marca uma p… com eles amanhã aqui em Goiânia. Aí eu chamo as meninas”, devolve Cachoeira. Em outra gravação, Abreu discute com o araponga Dadá o pagamento de propina em troca da nomeação de um aliado da quadrilha no governo do DF. “Vamos dar R$ 20 mil pra ele e R$ 5 mil por mês, pronto! Nós vamos dar R$ 20 mil pra ele agora e R$ 5 mil por mês, entendeu?”, diz Abreu.

Cláudio Abreu foi afastado da Delta em março, logo após a polícia deflagrar a Operação Monte Carlo.

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Conselho de Ética – Além da CPI, o Conselho de Ética do Senado investiga se houve quebra de decoro parlamentar por parte de Demóstenes Torres na relação com o contraventor. Já a Comissão de Sindicância da Câmara dos Deputados irá ouvir dois deputados, Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) e Sandes Júnior (PP-GO), para apurar possíveis irregularidades nas relações deles com Cachoeira.

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A presidente Dilma Rousseff tem ressaltado que a CPI é um assunto do Legislativo. Dificilmente, no entanto, o tema ficará de fora da reunião do Conselho Político do governo, a segunda deste ano, que ocorre nesta quarta, no Palácio do Planalto.

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