Com ministro de Dilma, Garotinho se lança candidato para “acabar” com PMDB no Rio
Em seu discurso, candidato do PR prometeu anular concessão do Maracanã
Com a presença do ministro Ricardo Berzoini (PT), da Secretaria de Relações Institucionais, o deputado federal Anthony Garotinho (PR) teve oficializada sua candidatura ao governo do estado do Rio de Janeiro neste domingo. O ex-governador do Rio (1999-2002) indicou uma espécie de pacto de não agressão com o concorrente Lindbergh Farias (PT) para tirar o PMDB do poder. “Temos que nos poupar, porque temos um adversário em comum, o PMDB. Não vi críticas de Lindbergh a meu respeito. Qualquer um que estiver no segundo turno contra o PMDB terá meu apoio. A prioridade é acabar com esse governo”, afirmou Garotinho à jornalistas.
Embora Garotinho seja apenas mais um, dos quatro palanques de Dilma no Rio, o candidato do PR foi o primeiro pretendente ao governo estadual que teve a candidatura lançada com presença de um representante do Palácio do Planalto. Nenhum emissário de Dilma compareceu ao lançamento da campanha do senador Lindbergh Farias (PT), que se aliou com o PSB e também participará de atos com o presidenciável pessebista Eduardo Campos no Rio. Também houve indiferença do Planalto à convenção que lançou o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) à reeleição e à reunião do PRB para oficializar a candidatura do senador Marcelo Crivella (PRB) ao Palácio Guanabara. Pezão diz apoiar Dilma, mas admite que o PMDB fluminense vai fazer campanha em peso para o senador Aécio Neves (PSDB) e que ainda dará palanque para o presidenciável Everaldo Pereira (PSC).
Na última semana, o Planalto atuou para empurrar o PROS para a coligação do PR e dar mais tempo de televisão para Garotinho. O arranjo fez surgir o primeiro candidato ao Senado no Rio que não faz oposição a Dilma: o deputado federal Hugo Leal (PROS). A ajuda irritou Lindbergh, que também tentou atrair o PROS para sua coligação. Garotinho retribuiu o auxílio e prometeu se empenhar na campanha de Dilma.
“Sempre tive afinidade com Dilma. Fui do PDT durante 18 anos com ela. Não posso ser hipócrita e dizer que sumiram todas as diferenças com o PT. Mas nós temos que ter uma posição clara em campanha politica. Pezão fica parecendo que é a Dona Flor, com dois maridos”, afirmou Garotinho.
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Em discurso a cerca de 8.000 pessoas em um centro de convenções no centro do Rio, Berzoini mencionou o apoio de Dilma ao candidato do PR. “Estou aqui para trazer um abraço da presidente Dilma a Garotinho”, afirmou.
Ao falar com jornalistas, Berzoini se recusou a comentar a última polêmica da Secretaria de Relações Institucionais, que pediu ao PMDB a lista dos 60 prefeitos da base aliada que compareceram ao lançamento do Aezão, em uma churrascaria do Rio, um ato de apoio à campanha de Aécio. Em nenhum momento, Berzoini mencionou o nome de Lindbergh ao comentar os palanques de Dilma no Rio. “Garotinho é uma candidatura no campo popular. Existem outras que dialogam com a presidente Dilma. Tem um que é do mesmo partido e tem a do senador Crivella também”, afirmou Berzoini.
Em discurso na convenção, Garotinho priorizou críticas ao ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) e ao seu sucessor, Luiz Fernando Pezão (PMDB). “Cabral saiu tão desmoralizado que mandou botar grade (na cerimônia de transferência de cargo a Pezão) para o povo não chegar perto. Um governo covarde como esse tem que ser colocado na lata de lixo da história”, afirmou Garotinho em discurso, ao lado de Berzoini.
Com a retórica habitual, inflamada e nada conciliadora, Garotinho prometeu, se eleito, anular concessões assinadas no governo Cabral, como o Maracanã. Entre as promessas populistas de Garotinho estão criar um “batalhão de defesa social”, liberar o transporte alternativo de vans e “colocar os presos para trabalhar”. “Vamos dar liberdade ao transporte alternativo. Pode ter miliciano, mas tem miliciano que trabalha no Palácio Guanabara”, afirmou. “Tenho um recado para o senhor Eike Batista. Meu primeiro ato vai ser anular a privatização do Maracanã”, acrescentou.
O nome do candidato a vice de Garotinho foi mantido em sigilo. O ex-governador afirmou que “tem esperança” de que o senador Marcelo Crivella (PRB) aceite entrar na sua coligação como vice. Na semana passada, Crivella negou que vá desistir de concorrer ao Palácio Guanabara e apoiar outro partido.
“Ainda farei um apelo ao senador Crivella, para que ele reflita sobre esse momento que estamos vivendo. Nas duas vezes em que ele venceu a disputa ao Senado, teve nosso apoio”, afirmou.