Chefe do clube do bilhão negocia delação premiada
Dono da UTC, Ricardo Pessoa defendia 'pacto de silêncio' entre executivos presos, mas tenta oferecer informações à Justiça em troca de redução da pena
Apontado como líder do “clube do bilhão”, o cartel de empresas que pagou propina à Petrobras em troca de vantagens contratuais, o dono da UTC, Ricardo Pessoa, negocia um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal. A informação foi revelada em VEJA desta semana e confirmada pelo jornal Folha de S. Paulo na edição deste sábado. Se fechar o acordo, Pessoa será o primeiro empreiteiro a trocar informações sobre o esquema de corrupção por redução de pena. Ele já se reuniu ao menos três vezes com seus advogados para tratar do assunto, inclusive com a presença de procuradores federais em uma das reuniões.
Leia também:
Defesa de Youssef alegará que desvio bancava ‘projeto de poder’
Logo que foi preso, Pessoa se tornou o principal defensor da manutenção do “pacto de silêncio” entre os executivos presos. Mas algo mudou em sua convicação. Há três semanas, VEJA publicou uma série de anotações feitas por ele na cadeia. Nos textos, o empreiteiro indica se sentir abandonado e faz ameaças veladas a políticos e ao tesoureiro do PT, Edinho Silva. As anotações também sugerem que o dinheiro do petrolão financiou a campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff.
Companheiros de cela de Pessoa, como Gerson Almada (vice-presidente da Engevix) e Eduardo Leite (vice-presidente da Camargo Corrêa), não veem com bons olhos a possibilidade de o dono da UTC fechar o acordo de delação. Primeiramente, temem ser expostos nos depoimentos. Mas também teriam menos chance de igualmente se tornarem delatores, uma vez que possuem menos informação a oferecer do que o chefe do “clube do bilhão”.
Leia mais:
Elo de Dirceu com Lava Jato surgiu em varredura contra crimes tributários
Amigo íntimo de Lula é peça-chave do petrolão
Delação de Youssef: STF vê indícios de propina a parlamentares no petrolão