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Caso Bruno: a investigação andou para trás

Polícia começa a semana às voltas com afastamento das duas delegadas devido ao vazamento de vídeo com declarações do goleiro do Flamengo

Por João Marcello Erthal e Andréa Silva
19 jul 2010, 22h57

OAB avisa que advogados que estiverem prejudicando investigações também poderão ser afastados

A polícia mineira obteve, nesta segunda-feira, algo que os delegados perseguiam desde o início das investigações do desaparecimento de Eliza Samudio: uma testemunha que quer colaborar com as investigações. Os policiais, no entanto, mal tiveram tempo de se dedicar a esta poderosa fonte de informação, devido ao atrapalhado vazamento de um vídeo que abriu, para os advogados de defesa, mais uma janela para contestar as provas obtidas para incriminar o goleiro Bruno e os demais suspeitos.

A semana começa com uma baixa que favorece os suspeitos. Alessandra Wilke e Ana Maria Santos, delegadas que conduziam o caso desde o fim de junho, quando Eliza passou a ser dada como desaparecida e tem na cabeça todo o histórico da investigação, foram afastadas. Na avaliação da cúpula da Polícia Civil, elas tiveram responsabilidade sobre o vazamento do vídeo em que o goleiro Bruno, dentro de um avião da polícia, sendo levado do Rio para Belo Horizonte, fala despreocupadamente sobre o caso.

O vídeo não tem uma informação importante sequer. Pelo contrário: traz uma previsível afirmação de inocência do principal suspeito e uma declaração, vaga, em relação às suspeitas que ele afirma ter em relação a seu funcionário, Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão. Apesar do estardalhaço com o vídeo, o próprio Bruno sabe que, sem seu consentimento, ninguém considera que seria possível levar a cabo um plano que mobilizou uma dezena de pessoas e vitimou uma pessoa com quem o jogador tinha um histórico de atritos.

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O time da defesa, chefiado pelo criminalista Ércio Quaresma, fez bom uso do silêncio, optando por falar apenas quando chegar o momento de encarar o juiz. Mas Quaresma, que é tudo, menos silencioso, soube aproveitar o timing para investir contra a investigação e os investigadores. Sacou, já na manhã de segunda-feira, frases sobre “tortura” ocorridas na polícia mineira.

“O que vejo aqui hoje é que o Departamento de Investigações tem um verdadeiro circo de horrores”, afirmou, denunciando que Macarrão teria sido empurrado, ou levado um tapa, durante um interrogatório. A menos que o suspeito tenha sofrido uma lesão passível de diagnóstico no Instituto Médico Legal, será um confronto de palavra contra palavra – no qual a vítima, por enquanto, é a credibilidade da polícia mineira.

Punições também para advogados – O secretário-geral da Ordem dos Advogados do Brasil em Minas, Sérgio Murilo Diniz Braga, foi na tarde de segunda-feira ao Departamento de Investigações para averiguar as denúncias da defesa de Bruno. Ele avisou, no entanto, que a apuração dos abusos não vai caminhar em uma só direção. “Todas as queixas serão investigadas. Inclusive a de que os advogados estariam perturbando as investigações. Se comprovadas irregularidades passíveis de punição administrativa, os defensores podem ser até proibidos de atuar no caso”, alertou.

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O delegado Edson Moreira, que vai assumir as investigações, terá trabalho dobrado. Além de correr contra o tempo para levantar provas materiais – indispensáveis para casos de homicídio e toda a série de crimes atribuídas ao grupo -, Moreira terá de enfrentar a saraivada de recursos de que lança mão a defesa dos suspeitos.

As iniciativas que podem emperrar ainda mais as investigações já começaram. Na tarde desta segunda-feira, o advogado Zanone Júnior, que defende o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, anunciou que vai tentar um mandado de segurança na Justiça mineira para tentar evitar que seu cliente seja submetido a uma acareação, como pretendem os investigadores. “Meu cliente é inocente e está deprimido. Não vou deixar que seja submetido a mais este constrangimento”, disse Zanone.

Próximos passos – O Tribunal de Justiça de Minas Gerais marcou para quinta-feira, às 13h30, a audiência de instrução para os atos infracionais do adolescente envolvido no desaparecimento de Eliza Samudio. A sessão está marcada para o Juizado da Infância e Juventude, em Contagem (MG). O juiz Elias Charbil Abdou Obeid vai colher provas orais de Bruno; do Macarrão; do ex-policial Marco Aparecido dos Santos, o Bola, e de Sérgio Rosa Sales, primo do jogador. O tio do jogador, José Carlos da Silva, vai ser ouvido por carta precatória: as perguntas serão enviadas para o Juizado de Infância do Rio de Janeiro, que formulará as questões.

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Todos já foram intimados. As respostas vão servir para analisar a participação do menor no crime. O menor vai acompanhar os depoimentos, mas não vai haver acareação em juízo. O pedido de confrontação de testemunhas acareação ainda não foi autorizada pelo juiz e só será analisada após quinta-feira.

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