Brizola Neto tenta minimizar racha no PDT

O novo ministro participa nesta terça-feira da festa pelo 1º de Maio promovida pela Força Sindical com outras quatro centrais em São Paulo

Por Cida Alves
1 Maio 2012, 13h10

Novo ministro do Trabalho Brizola Neto (PDT) ao lado do presidente da Força Sindical Paulinho da Força durante as comemorações do Dia do Trabalho, organizado pela Força Sindical, na Praça Campo de Bagatelle, zona norte de São Paulo (Nelson Antoine/Fotoarena/Folhapress/VEJA)

Na sua primeira aparição em público depois de assumir o Ministério do Trabalho, Brizola Neto (PDT-RJ) tentou minimizar as criticas à sua nomeação que vieram de dentro do próprio partido. Entretanto, durante o evento em comemoração ao Dia do Trabalho em São Paulo, ele declarou repetidas vezes que a prioridade neste momento é reafirmar a unidade do PDT e sua afinidade com o programa de governo da presidente Dilma. “Não acredito que teremos grandes dificuldades, porque há questões muito maiores a nos unir que essas pequenas divergências que surgiram no processo de escolha para o ministério”, afirmou.

Brizola Neto participou na manhã desta terça-feira da festa pelo 1º de Maio promovida pela Força Sindical com outras cinco centrais na Praça Campo de Bagatelle, Zona Norte de São Paulo. O novo ministro chegou por volta das 10 horas e foi recebido pelo deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical, que confirmou ter apoiado a indicação de Brizola Neto para a pasta.

Paulinho da Força negou que exista um acordo entre seu partido e o PT para apoiar Fernando Haddad em São Paulo – por causa da indicação de Brizola Neto, integrantes do PDT desconfiam que Paulinho da Força tenha feito um acordo com o Planalto para deixar sua candidatura à prefeitura da capital paulista em troca da nomeação do neto de Leonel Brizola. “Continuo candidato e na próxima segunda me licencio da Força Sindical para tratar da campanha”, disse. Segundo Paulinho, há um acordo entre as centrais sindicais e o governo para que uma das secretarias do ministério fique com a CUT. “Mas quem indica é a Dilma”, ponderou o deputado. Brizola Neto adiantou que os cargos na pasta ainda não estão definidos.

Pela falta de consenso dentro do partido, a indicação do novo ministro foi apontada como sendo parte da chamada “cota pessoal” da presidente. A nomeação também destoa da promessa de Dilma de compor um ministério de técnicos.

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Nesta manhã, Brizola Neto também evitou comentar temas específicos da pasta dizendo que preferia não se pronunciar durante o período de transição. “De maneira geral posso dizer que priorizaremos as questões das relações trabalhistas e que buscaremos aumentar a produtividade sem tirar os direitos dos trabalhadores”, afirmou.

Com apenas 33 anos, o novo ministro disse que juventude não pode ser confundida com irresponsabilidade. Questionado sobre seu antecessor, Carlos Lupi, afastado da pasta depois de ser envolvido em denúncias de corrupção, Brizola Neto limitou-se a repetir que vai trabalhar pela unidade do partido.

Em uma celebração dominada pela presença de autoridades petistas, a CPI do Cachoeira também foi tema nas conversas. O líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP) reagiu à avaliação de que o governo estaria tentando dominar a CPI para que aliados não fossem atingidos pelas investigações. “Essa é mais uma análise que existe sobre a CPI, mas deveriam analisar também por que o governo não se mexeu para impedir que a CPI ocorresse”, observou. O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS) disse que o início dos trabalhos da CPI, que começam nesta semana, não atrapalharão os andamento das pautas da casa. “Será uma CPI complexa e explosiva e devem ser investigadas todas as relações de Cachoeira no mundo político e privado”, afirmou.

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Palanque – Alguns pré-candidatos à prefeitura de São Paulo marcaram presença no evento desta manhã. Fernando Haddad (PT), Netinho de Paula (PCdoB) e Celso Russomano (PRB) subiram ao palanque. O petista discursou como ex-ministro da Educação ao lado do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, e do secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. Resfriado, o governador Geraldo Alckmin enviou o secretário de Emprego e Relações do Trabalho, Carlos Andreu Ortiz, para representá-lo. O senador do PSDB por Minas Gerais Aécio Neves era esperado, mas não apareceu.

Representando a presidente Dilma, Gilberto Carvalho disse no palanque que o governo aceitou discutir a isenção do imposto de renda no dinheiro recebido pelos trabalhadores na participação nos lucros das empresas. Pelo que tudo indica, o anúncio da medida será feito pelo novo ministro do Trabalho na cerimônia de posse. Uma reunião entre a presidente e as centrais sindicais está marcada para esta quinta-feira, algumas horas antes da solenidade em que Brizola Neto assumirá a pasta.

“Falta apenas um entendimento em torno da cifra (limite para isenção), mas a centrais vão a Brasília essa semana e esperamos acertar isso até quinta-feira”, afirmou Carvalho. “O governo decidiu que vai conceder isenção. Esse dinheiro no bolso do trabalhador é uma injeção direta no mercado. É dinheiro que vai para o consumo. Assim como demos isenção de impostos à produção, agora vamos beneficiar os trabalhadores.”