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Gabrielli vai à CPI mista da Petrobras blindado pelo governo

Será a terceira vez que ex-presidente da estatal falará a parlamentares. Investigações no Congresso andam em círculos - e não devem avançar

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 25 jun 2014, 07h48

O ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli voltará pela terceira vez em três meses ao Congresso Nacional para responder a perguntas de parlamentares sobre detalhes da compra da refinaria de Pasadena, no Texas, e denúncias de superfaturamento em obras de outras refinarias da estatal. Até aqui, Gabrielli tem adotado diante dos congressistas um discurso alinhado com o governo – sem esclarecer coisa alguma. Ao que tudo indica, o ex-chefe da estatal deve ser blindado pela base também nesta quarta, quando será ouvido pela CPI mista da Petrobras, o que reduz as expectativas sobre seu depoimento. Os parlamentares, portanto, andam em círculos nas comissões que apuram – ou deveriam apurar – os desmandos na estatal.

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Gabrielli esteve à frente da petroleira entre 2005 e 2012. Foi sob sua administração que a estatal adquiriu a refinaria de Pasadena. Na época, a presidente Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil, chefiava o conselho de administração da estatal. A operação foi iniciada em 2006 e concluída em 2012, após a Petrobras perder uma batalha judicial com a empresa belga Astra Oil. A aquisição causou prejuízo de 1,2 bilhão de dólares à petroleira brasileira. Dilma afirmou que o conselho aprovou o negócio porque recebeu “informações incompletas” de um parecer “técnica e juridicamente falho” elaborado pelo então diretor da Área Internacional Nestor Cerveró.

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Sob a mira do governo – Na audiência anterior, quando foi ouvido pela CPI do Senado, mantida sob as rédeas do governo, o executivo poupou Dilma. O depoimento foi prestado ainda sob a tensão provocada por uma entrevista concedida dias antes por Gabrielli ao jornal O Estado de S. Paulo, quando o executivo afirmou que Dilma “não pode fugir de sua responsabilidade” sobre Pasadena. “Enquadrado” pelos governistas da comissão, Gabrielli amenizou o tom no Senado, afirmando que a presidente não poderia ser responsabilizada pelo negócio. Embora nesta quarta ele seja ouvido pela comissão de inquérito composta também por parlamentares de oposição, a ida de Gabrielli não causa grandes expectativas: a audiência foi chancelada por aliados ao governo, o que é um prenúncio de que o executivo deve voltar a proteger as transações da estatal.

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Ao eclodirem detalhes da aquisição da Pasadena, Gabrielli somente foi a público após reunir-se a portas fechadas com a bancada do PT. No encontro, ocorrido no início de abril, ele defendeu que a refinaria foi “um bom negócio” – afirmação logo contrariada por Graça Foster, a atual presidente da companhia. Na entrevista publicada duas semanas depois, porém, o ex-dirigente causou um desgaste ao governo ao mencionar a presidente Dilma.

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Denúncias em série – A Petrobras atualmente é alvo de investigação do Tribunal de Contas da União (TCU), do Ministério Público e da Polícia Federal e tem um ex-diretor preso – Paulo Roberto Costa é considerado a porta de entrada para um esquema bilionário de lavagem de dinheiro que atuava dentro da companhia.

Nesta quarta, o colegiado também pretende abordar as contas da construção da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, e as denúncias de pagamento de propina a funcionários da Petrobras por parte da empresa holandesa SBM Offshore. “Não acredito que o Gabrielli vá acrescentar muito no nosso trabalho, mas sempre podemos colocá-lo em constrangimento. Já que o governo aparelhou a CPI e tem dificultado a atuação do colegiado, é o que nos resta”, diz o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), um dos que apresentou requerimento convocando o ex-presidente da estatal. Também chamaram o executivo os oposicionistas DEM, PSDB e Solidariedade, além do PT e PMDB.

Na semana passada, uma manobra comandada por governistas esvaziou a sessão, de modo a evitar que requerimentos incômodos, como a quebra de sigilo fiscal e telefônico dos investigados e a convocação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, fossem aprovados. Sem possibilidade de votações nesta quarta, avalia-se que aqueles que estiveram ausentes agora ocupem a cadeira para blindar Gabrielli. “Nós esperamos mais uma articulação do governo, mas não podemos deixar de fazer algumas cobranças em relação ao depoimento dele e da Graça Foster. Quero saber se ele continua achando um bom negócio um prejuízo de um bilhão de dólares”, diz o líder do Solidariedade, deputado Fernando Francischini (PR), responsável por levar uma pizza à comissão há duas semanas.

A CPI mista da Petrobras – com deputados e senadores – chegará à quinta sessão desde que foi instalada. Até o momento, somente Graça Foster foi ouvida – em uma audiência que se arrastou por oito horas e não trouxe avanços. No auge da Copa do Mundo e com as eleições batendo à porta, esse deve ser o ritmo da comissão daqui para frente.

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